sexta-feira, 18 de junho de 2010

Sem medos dos riscos de uma noite chuvosa





Chove em Recife. E muito. Nessa cidade temos apenas duas estações no ano: ou é verão ou é inverno. A primeira dura em torno de 9 meses, a segunda, quando muito, 3. Porém, vale salientar que o nosso inverno é de chuva, de muita chuva, mas de pouco frio. E esse é o meu primeiro inverno “motorizada”. Comprei João Francisco (meu carro) em agosto de 2008, mas comprei-o para o meu pai trabalhar. Só em janeiro desse ano quando as coisas melhoraram que João ficou comigo de vez.

Esse ano eu não esperei pelo ônibus por mais de duas horas, não levei banho de água suja nas calçadas nem saí de casa e voltei com a bolsa, as pernas e os pés todos molhados. Mas ontem foi um dia atípico. Mesmo de carro, cheguei em casa toda molhada. É que eu fiz algo que sempre imaginei que aconteceria comigo: dei carona a estranhos de uma parada de ônibus.

Eu já saí do trabalho pensando neles – usuários de ônibus - e não resisti. Abri a janela na primeira parada e chamei: “Quem quer carona para Boa Viagem, Piedade ou Candeias?” 6 pessoas se prontificaram. Caberiam 4, mas eu não ia barrar ninguém naquela situação nem tampouco teria blitz nas ruas. Eram 4 mulheres e 2 homens, acho que entre os 25 e 50 anos. “Apertei” todo mundo dentro do meu uno e fomos embora.

Corri um risco? Sim, corri, mas era fim de expediente, chovia torrencialmente e eu não podia voltar para casa com meu carro vazio como se eu não tivesse nada a ver com aquilo. Eu não pararia de madrugada, num local esquisito ou algo parecido e faria o mesmo. Não, eu não sou louca e sei que moro no Brasil. Mas eu precisava fazer a minha parte, só isso.

No fim das contas, eu é que ganhei porque fiz 6 novos amigos. Trocamos telefones, conversamos bastante e para ser democrática, ainda ofereci o meu porta CD para decidirmos juntos qual som ouviríamos. Ficamos entre Maria Rita e U2. Aí, para desempatar a votação e lembrar ainda mais da minha irmã, optei pelo U2, grande pedida! E lá fomos nós enfrentar um trânsito pesadíssimo, mas até que foi divertido. Como a faixa da esquerda estava “menos pior” e só dava para parar do mesmo lado, eu que descia do carro para levantar o banco para aqueles que ficavam pelo caminho... por isso cheguei em casa toda molhada.

Após mais de duas horas de viagem (em dias normais eu levo em torno de 30 minutos), cheguei em casa. Cansada, com fome, mas feliz. Não sabia se deveria contar para os meus pais a “aventura”, pois poderia levar o maior sermão e eu estava tão cansada. Mas aí tomei um banho, jantei e sutilmente fui contando. Nem fiquei tão surpresa assim, eu já devia supor: eles não só me apoiaram completamente como disseram que ambos já fizeram isso um dia. Está explicado porque não tenho medo dessas coisas. Tá no sangue, tá tudo certo.

5 comentários:

  1. "Se todos fossem
    Iguais a você
    Que maravilha viver".

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  2. Dyneeeee... Que lindo. Sempre te achei muito caridosa. Nossa que legal. Voce só ganhou com essa boa ação, aliás com essas 6 boas-ações feitas. Tenha certeza que o que fazemos para o universo ele nos dá em dobro.
    Adorei a história. Você é incrível.
    Beijão saudoso querida.

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  3. Foi caridade não, Simoninha. Foi só lembrar de dias atrás, foi só vontade de fazer algo que sempre achei que um dia fariam comigo, foi só ousar não ter medo dos riscos de uma noite chuvosa. Beijo grande

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  4. Não foi mesmo caridade minha irmã, por que em corações como o seu isso é apenas mais um dia vivido, experiências trocadas,normalidade.

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  5. Um benefício nunca se perde: Essa é a Dinoca, Pipoca!Ai, ai, ai a lourinha do meu Pai!

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