sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

De volta ao paraíso


Eu nunca vi tantos guarda-chuvas num dia de sol como na manhã de hoje. É que Recife não faz calor, Recife ferve. Quem não está de óculos escuros está com a testa franzida e os olhos pequenos, quase fechados. É um calor que beira o insuportável.

Amanhã farei jus a esse solzão de verão. Viajo, pela segunda vez, para Fernando de Noronha, meu paraíso. Conheci Noronha em agosto do ano passado. Comprei a viagem em maio (o que sempre tento fazer, viajar com a viagem paga) e fiquei lá por 4 dias. Mas minha vida deu uma reviravolta em junho e acabei indo para lá numa fase muito triste, mais empurrada pelas amigas do que por minha vontade. E como valeu a pena ter decidido ir, eu renasci por lá!

Aquele lugar tem um astral indescritível. É uma energia singular que brota daquela ilha e contagia aos amantes da natureza, do sol, do mar. Eu vi golfinhos, tubarão, arraias e peixes de cores incríveis. Lá eu voltei, verdadeiramente, a sorrir. Acho que nunca me senti tão perto de Deus.

Noronha é aquele tipo de lugar que “tem que ir”. E eu pretendo ir, pelo menos, uma vez por ano. Eu comecei a viajar mesmo “tarde”. Eu e minha irmã nunca tivemos “paitrocínio”. E viajar, naturalmente, não era uma prioridade diante de tantas responsabilidades que tínhamos – e temos – desde a adolescência. Juntar dinheiro é importante, investir, poupar, mas viajar, pra mim, é investimento em vida, em experiência, em novas amizades, em tudo que vale verdadeiramente à pena.

Dessa vez eu vou ficar 7 dias, e como em Noronha o acesso a internet é complicado, o sinal é muito fraco, devo ficar esses dias sem postar nada. Vou levar meu notebook para ir baixando as fotos, ouvir música e fazer o que tanto vem me dando prazer: escrever. Voltarei com novidades!

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

"Nunca é tarde demais"



Eu fiz uma grande amizade com alguém que não conheço e que, provavelmente, não conhecerei jamais. O nome dela é Amy Cohen, personagem principal do último livro que li:” Nunca é tarde demais”.

Comprei esse livro por um "acaso". Eu reservei dois livros do Fabricío Carpinejar na Livraria Cultura – que adoro – e quando fui pegá-los, eles não constavam no setor de reservas, nem no acervo. Foi aí que Dani, minha melhor amiga e que estava comigo, viu o “ Nunca é tarde demais” e me mostrou.

Apaixonei-me à primeira lida. Comprei-o e, mais tarde, a Cultura – que adoro ainda mais – reconheceu o erro e para reparar-se enviou , como cortesia , os dois livros do Carpinejar para mim. “Sorte” a minha, não?

Amy também é a autora do livro, ele é baseado em sua vida. Aos 30 anos ela imaginava-se casada, com filhos e bem sucedida profissionalmente. Aos 35, acabara de perder a mãe, o namorado e o emprego. Eu dei muitas gargalhadas com Amy, e chorei também. Viramos amigas mesmo.

Durante a leitura, eu chegava em casa do trabalho ansiosa para “encontrar” com ela. Era como se todos os dias eu fizesse um “happy hour” após o expediente de tão bacana que era o livro. Amy Cohen entrou na minha vida de uma forma simples, sutíl e me fez um bem enorme. Tão bem que foi difícil terminar o livro, eu não queria deixar a vida da Amy, nem queria que ela deixasse a minha. Fiquei realmente triste no ponto final.

Os livros têm esse poder de fascínio, de encanto, de aproximação. Esse livro daria um ótimo roteiro de cinema americano, e até li que a atriz principal do Sex and the City comprou os direitos para filmá-lo.

Amy se foi e deixou muitas inquietudes em mim. Com os erros e acertos dela refleti sobre os meus. Minha vida também mudou de uma hora para outra como a dela e percebi que cada vez menos devo me estabelecer prazos, metas e sim aceitar e ser feliz com tudo que a vida me dá.

Agora vou ser “amiga” do Carpinejar, tenho dois livros de crônicas e contos para ler...sobre essa nova amizade eu conto depois.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Momentos Inesquecíveis


A gente nunca sabe quando vivemos um momento inesquecível. Mesmo quando pensamos ter certeza que sabemos, o destino dá um “voltinha” e nos reencontramos com situações em que pensávamos não reviver ou nos deparamos com o tal do “nunca mais”.

De tantas coisas que isso envolve, eu queria mesmo era, às vezes, ter o dom de saber quando é a última vez que verei um querido. Esse é, com certeza, um momento inesquecível. Eu já perdi tanta gente amada e sempre penso que não me despedi como eu desejava, principalmente aqueles se foram, literalmente, de uma hora para outra.

Cada perda, entre tantos outros aspectos, ajudou-me a valorizar ainda mais o toque, o beijo, o abraço, a conversa, o presente. É tão piegas o tal de “não deixe para amanhã o que você pode fazer hoje”, mas essa frase nunca soa tão coerente no instante da dor de um adeus.

Jamais deixaremos de perder pessoas amadas. Assim como jamais deixaremos de ganhar pessoas amadas. Mas se realmente praticássemos o “Carpe Diem” e aproveitássemos tudo que cada dia nos traz, de bom e de mal, talvez a dor da perda fosse menos ruim, talvez.

Isso porque não sentimos apenas pelo que perdemos, sentimos pelo que deixamos de viver. Ontem e hoje podíamos ter feito algo diferente, amanhã não dá mais tempo. Se ontem tivéssemos relevado mais as circunstâncias, cedido mais, tido iniciativas...poderíamos ter vivido mais bons momentos inesquecíveis, mas aí vira um “epitáfio” de um ser vivo. Não é essa a intenção.

Hoje mesmo eu posso ter vivido momentos assim. Será que valorizei isso? Sei que não posso parar o tempo como as fotografias fazem e registrar cada situação bacana. Porém, posso fotografar com o meu coração tudo que envolver sorrisos ou até mesmo lágrimas, tudo que envolver pessoas, animais, natureza, tudo que fizer de mim uma pessoa melhor. Esses instantes tornam, com certeza, alguns dos meus momentos diários, inesquecíveis. E que eu nunca esqueça isso.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

É sempre bom olhar para o lado


É sempre bom olhar para o lado
e perceber que, apesar de mim,
o tempo segue, o sol amanhece
a vida resplandece.

Nada pára pelo que perdi
nada pára pelo que senti
nada devia mesmo parar
eu sim, é que devo continuar.

E mesmo com todo medo
apesar de tanto anseio
sigo em frente consciente dos erros que cometi.

Se errei por amar demais
não sou uma pobre moça, rapaz
ingênua ou infeliz.

Sou apenas uma jovem carente
que hoje tenta viver mais no presente
mas sem deixar de acreditar que o melhor da vida ainda está por vir.

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

"O carnaval melhor do meu Brasil"


Gente feliz, música de qualidade, dança sem coreografia, energia, democracia de ritmos, de acesso e público, cores, mistura, cultura. Essas são algumas das palavras que – juntas - definem o carnaval de Pernambuco pra mim.


Muitas pessoas pensam que eu não gosto de carnaval porque sou mais sossegada, na minha e não costumo ir pra Olinda. Pessoal, eu adoro carnaval (o de Pernambuco) – é importante salientar isso - e justamente por ver, sentir, tudo que coloquei acima e por muitas outras sensações indescritíveis.


O que não me atrai no carnaval é a multidão, é o empurra empurra, são as pessoas que saem de casa com fins adversos à diversão, mas tudo é uma questão de onde, quando e perto de quem ficar. Esse ano eu descobri as ruas que dão acesso ao Marco Zero (palco principal da folia do Recife Antigo) e como foi legal...!


Eu me diverti muito nesse carnaval. Dançei, cantei Vassourinha, o hino da Ceroula e do Elefante mil vezes ; estive cercada de pessoas do bem - amigos e familiares -, além de ter feito novos amigos bem bacanas. Vi sorrisos lindos, fantasias super criativas, cores, luzes. Ouvi e curti muito maracatu, ciranda, samba, caboclinho, até forró e claro, o mais genuíno dos ritmos pernambucanos, o frevo.


Só senti falta mesmo da mais animada das foliãs, minha irmã Soraya. Dedico esse texto a ela e ao meu cunhado Daniel, a Colombina e o Pierrô. E aos muitos carnavais que ainda curtiremos juntos. Eu cantarei muito mais feliz “voltei Recife foi a saudade que me trouxe pelos braços...”, essa música nunca fará tanto sentido pra mim.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

"Toda maneira de amor vale a pena"



Eu sempre gostei de escrever. Só que o resultado disso era algo muito singular, o plural era, normalmente, uma exceção. Pensar que as palavras postadas aqui não terão fronteiras (de alcance, de acesso, de público) assusta um pouco. Por outro lado, audácia minha achar que posso ser lida em quantidade. Não importa. Se as minhas palavras tiverem um mínimo de qualidade, leveza e proximidade a ponto de motivar uma única pessoa a refletir, a ficar feliz naquele breve instante de contato com o blog, eu estarei bem satisfeita.

Até porque não tenho uma proposta exata de tema para o “Na próxima esquina”. Já que o blog é um diário virtual, pretendo levá-lo quase que ao pé da letra e misturar minhas visões sobre o cotidiano em forma de prosas e poesias. Esta, por sinal, era um dos meus portos seguros na infância. Eu lembro que me sentia tão bem quando escrevia alguns versinhos...as poesias me acalmavam de alguma forma, o desabafo no papel me ajudava, ou melhor, ajuda-me (e muito) - ainda hoje - a expressar meus pensamentos com mais plenitude e coerência.

Entre os nove, dez anos, minha mãe era a musa inspiradora dos meus versos, das minhas rimas. Eu ainda não experimentara a dor, a saudade, os enlaces e desenlaces de um relacionamento conjugal para ter esse tipo de amor (homem e mulher) como inspiração ou inquietude. Mais de quinze anos se passaram desde o despertar à literatura e hoje eu posso dizer que vivi algumas dessas alegrias, dores, perdas e ganhos que um relacionamento nos dá.

Porém, esse tipo de amor continua não sendo a minha maior motivação para escrever. A vida sim, com todas as suas formas de amor é o que mais me inspira, inquieta e encanta. Como já dizia Milton (o Nascimento) em Paula e Bebeto: “toda maneira de amor vale a pena, toda maneira de amor vale amar”. Entre outros assuntos, é desse tipo de amor que meu blog tratará. Seja ele como for, se valer à pena, valerá amar. E sei que tal sentimento está em toda parte, inclusive, certamente, numa próxima esquina.