quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Um excesso de bagagem chamado Pearl Jam


Eu demorei a escrever esse texto, simplesmente, por julgar não existir palavras suficientes para contar tudo o que vivi. Todas as vezes que eu pensava em contar sobre a turnê do Pearl Jam, a "palavra certa" não surgia na minha mente e eu mal sabia por onde começar. E hoje, quase um mês depois de ter voltado pra casa, com os sentimentos mais "apurados", ainda não tenho certeza se conseguirei aqui transmitir o que senti.

Foram vinte dias, seis shows, cinco cidades e dois países. Viajei com uma mala que saiu de Recife com 22 kg e voltou com um excesso de bagagem de quase 100 kg. É que eu trouxe dentro dela dezenas de novos e grandes amigos, alguns dos quais eu serei eternamente grata ao Pearl Jam por ter sido a ponte para eu conhecê-los. Eu trouxe ainda muitos sorrisos e lágrimas de alegria e emoção, diversas sensações totalmente desconhecidas, porém deliciosas, e imagens e sons que nunca sairão do meu coração.

Jamais esquecerei o primeiro acorde ouvido ao vivo. Release sempre será mágica por ter sido a primeira. Jamais esquecerei quando vi a banda de tão perto no show do Rio. Das 10 primeiras músicas que não consegui cantar, bater cabeça, nada. Eu estava absolutamente hipnotizada, pois era muito, muito perto. Jamais esquecerei o Jeff tão perto e ao mesmo tempo tão longe pelo nosso excesso de respeito com ele no Rio. Jamais esquecerei da ousadia que deu certo com o Mike em Curitiba, do abraço dele e de seu carinho com a gente. Jamais esquecerei da conversa com o Eddie em Porto Alegre, da oportunidade de ter dito a ele tudo que sonhei nesses 15 anos, dos seus olhos azuis atentos, da sua mão suave e da surpresa quando ele elogiou a minha voz. Surreal!

Eu olho para trás e percebo que vivi os melhores vinte dias da minha vida. Eu estava no lugar certo, com as pessoas certas, no momento certo e fazendo a vida valer ainda mais a pena. Cada música cantada, gritada, chorada, sentida fez parte dos melhores momentos musicais que eu já vivi. E por isso mesmo, é impossível descrever o bem que essas canções me fizeram. A sensação era de “alma lavada”, de coração agraciado, de missão cumprida porque eu precisava viver aquilo, eu merecia viver aquilo. E como eu vivi e fui feliz.

Não adianta mais procurar. Eu estou convencida de que não há em vocabulário algum, palavras ou frases que representem o que essa turnê foi para mim. Mas pra quê explicar o que pode ser sentido? Eu tenho certeza de que todos os sonhadores, seja do que for, serão capazes de entender que sonhar é muito bom, mas que realizar um sonho é melhor ainda. Por isso, carregarei feliz o excesso que veio na minha bagagem. Porque é um peso tão leve, tão bonito e intenso, que eu faço questão de carregá-lo na mente e no coração, com muita gratidão a Deus e ao Pearl Jam, para o resto da minha vida.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Mudança que gera mudança

Ontem eu li uma matéria no jornal, um assunto meio técnico, mas interessante, e me deparei com uma frase que tem tudo a ver com o que eu estou vivendo: “ninguém pode ser escravo de sua identidade: quando surge uma possibilidade de mudança, é preciso mudar.“(Elliot Gould). Nossa, eu mal consegui terminar de ler a matéria depois dessa frase. A carapuça serviu totalmente.

Mas por que mudar é, por vezes, tão doído? Mudanças geram mudanças, fato. E não, isso não é óbvio. É absolutamente possível mudar de emprego, de relacionamento, de idade, de cidade, até de país e continuar engessado as mesmas crenças e tolices. Simplesmente pelo fato de não permitir que tal mudança gere alguma outra em si próprio.

Talvez porque o novo desperta, de alguma forma, o medo. Afinal ele é incerto, inseguro. Talvez por isso não são todos os que aceitam se arriscar por aí. E por mais que eu seja adepta ao tentar, ao mudar, devo admitir que, no mínimo, respeito quem não se “joga” na vida. Ninguém disse que é simples ou fácil sair do que lhe é comum. Mudanças requerem decisões, complexas ou não, ainda assim são decisões. E só isso já envolve muita coisa.

Eu, particularmente, estou mudando. Ou tentando mudar. Especialmente alguns pré conceitos do que sempre me foi igual.Também estou tentando apoiar mudanças, grandes mudanças, daqueles que eu amo, mesmo elas me atingindo diretamente de forma dolorida. Eu estou tentando aceitar mudanças, o novo, o diferente, com mais boa vontade e menos anseio ou pré julgamento. Estou tentando mudar para gerar uma transformação real, algo completo e verdadeiro, bem aqui, dentro de mim. 

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Sonhos devem ser realizados, e não explicados

“Não há nada como um sonho para criar o futuro. Utopia hoje, carne e osso amanhã ". Essa frase do Victor Hugo é completa pra mim. Eu não acrescentaria uma palavra sequer. O encaixe dela é de uma plenitude estigante e absoluta. Especialmente agora que eu estou a pouco mais de um mês de realizar um dos maiores sonhos da minha vida.

Todos os que convivem comigo sabem que eu vou a 6 shows do Pearl Jam em novembro. E não, eu não vou justificar aqui a razão de ir a “tantos” shows. Só quem almeja algo parecido seria capaz de entender. Apesar de que entender sonhos é, no mínimo, contraditório e desnecessário. Sonhos devem ser realizados, e não explicados.

Talvez o meu entendimento a respeito de sonhos seja, apenas, um pouco diferente. Pra mim, realizar sonhos está muito mais relacionado ao viver, ao ser e ao sentir do que ao ter. Nessa situação, eu prefiro muito mais o abstrato ao concreto. E sim, eu já realizei um grande sonho concreto: comprei meu apartamento no início do ano e por isso eu posso afirmar que sonhos abstratos me fazem muito mais feliz.

Viajar, conhecer novas pessoas, novas culturas, ir a shows de suas bandas preferidas, ver o seu time de futebol ser campeão ao vivo,  experimentar algo diferente, reencontrar um abraço desejado, nada disso é palpável. Você apenas vive, senti. Um apartamento, um carro, uma fazenda, uma casa de praia, tudo isso você tem, você possui. E não estou dizendo que não são coisas bacanas de sonhar e alcançar, mas você não levará nada disso consigo. Simplesmente, não é algo prioritário pra mim.

Por isso, pra quem não entende ou julga os sonhos dos outros, eu sugiro: sonhe algo e realize. Viva essa realização e experimente essa sensação de plenitude, de alegria e prazer que parece não caber em você de tão grande que é. Todo mundo merece sentir isso ao menos uma vez na vida. E eu já estou sentindo. Mas eu sei que não é nada parecido com o que eu sentirei quando novembro chegar. Isso porque eu descobri que sonhar é muito bom, mas realizar sonhos é melhor ainda.

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

De volta à esquina


Seria muito mais simples eu dizer que não sei ao certo a razão pela qual eu passei tanto tempo longe dessa esquina. Mas o principal motivo de eu ter chegado até aqui, desde a primeira letra, foi a sinceridade. A sinceridade com os meus sentimentos, com o meu momento e com o meu tempo. E foi por eles que eu dei uma pausa, mas estando certa de que o retorno não tardaria.

Isso porque escrever é uma necessidade inerente a mim. Minha vida está mais corrida, os afazeres só aumentam, as responsabilidades também, mas a escrita sempre terá o seu espaço, pois ela beira o vital. E por mais que eu não desejasse falar mais sobre certos sentimentos, eles também estão intrínsecos ao meu ser e seria hipocrisia ou, no mínimo, desnecessário, dizer que eles não voltarão à tona.

Acontece que eu estou mudando. As minhas perspectivas de vida estão mudando e isso, naturalmente, refletirá nos meus textos. Já faz um tempo que estou tentando exercitar o se permitir, o experimentar, o ousar mais, só que sem esquecer-se do se respeitar. E talvez, também, por isso eu esteja mais aberta. Aberta a novas sensações, momentos e sentimentos. É bem provável que a aproximação dos 30 anos tenha alguma coisa a ver com isso, mas acho que é um todo mesmo. E 2011 tem sido um ano muito generoso com esse “todo”.

Eu, finalmente, voltei a viver nesse ano. Eu já não passo apenas pela vida ou preencho o meu tempo tentando tampar um buraco abstrato como eu estava fazendo desde junho de 2009. Eu tive que voltar pra terapia, mexer na ferida, entender a “cura” como algo que se faz de dentro pra fora e fechar o ciclo. O que não significa que passou. Significa apenas que eu quero que passe, que eu estou facilitando as coisas pra Deus e pra o meu destino agir sem bloqueios.

Por isso é muito bom estar de volta a essa esquina. É muito bom perceber que, de alguma forma, a minha vida está apenas começando e que ela terá nessa ou numa próxima esquina, uma nova chance.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Mila Maloca


Eu sempre gostei de cachorros. Costumo dizer que tenho duas grandes paixões: cachorros e crianças. Gosto de graça, gosto por nada, gosto não, amo. E alguns meses após Sávio morrer, dia 18 fará um ano, comecei a pensar em ter outro. Só que eu não queria projetar o amor que eu sentia por Sávio em outro animal. Não seria justo, Sávio esteve comigo por 16 anos. Por isso eu vinha amadurecendo devagar a idéia de criar outro, pois teria que ser de todo o meu coração.


Aí de repente a minha mãe surge com uma gata, Mila. Uma vira lata igual a Mimosa. Gata essa que já foi até tema de um texto meu no blog dos cronistas. E um detalhe: eu tenho alergia a gatos. Criei Mimosa de teimosa, mas eu espirro o tempo inteiro perto deles. Era para ser só um dia, depois ela arrumaria alguém para dar, e aí mais um dia, e só mais outro e pronto. Fiquei apaixonada.


Descobri que a minha alergia a gatos é muito pior do que eu pensava. Quando a unha de Mila ou os seus dentinhos afiados tocavam em mim, a minha pele reagia na hora. Ficava um caroço vermelhão que coçava sem parar. Passei dias sem dormir direito, mesmo com a porta fechada. Eu só espirrava, espirrava e espirrava. Meus olhos amanheciam como os de um lutador nocauteado (tudo bem, menos...). E os dias foram passando, meu corpo foi se acostumando e agora eu tenho espirrado pouco e o toque dela não me faz mais tanto mal.


Meus pais deixaram em minhas mãos a decisão de ficar ou não com Mila. Mas eu já não tinha escolha. Os três já estão abestalhados pela gata. Mila virou o centro das nossas atenções. Quem diria? Um gato. Logo eu que sou tão alucinada por cachorros, me rendi a um gato. E nesse período, pensando em escolher entre a minha saúde e ela, refleti sobre tanta coisa e aprendi algo inesperado.


A vida nos surpreende a cada instante. Especialmente com o que não nos é seguro. As oportunidades (sejam lá do que for) aparecem de diversas maneiras, e nem sempre de formas comuns, no tempo esperado ou exatamente como desejamos. E é preciso estar atento e muitas vezes se esforçar, se permitir para aproveitar o que está por vir.


Mila foi assim. O gato não é bem o tipo de animal que me encanta. De fato, eles não são parceiros, companheiros e lindos e maravilhosos como os cachorros, mas sim, eles têm seus encantos. Eu não fui até Mila, ela que veio até mim da forma que a vida se encarregou de trazer. Eu não a desejei. Eu tive que me esforçar pra ficar com ela, pois no início ela me fazia mal de verdade. E eu insisti um pouco mais. Não desisti na primeira dificuldade. Pensei nela novamente rejeitada, sei lá, não teria coragem, mas pensei em mim também. Em permitir a aproximação de algo que não era seguro ou que não era bem o que eu sempre quis ou gostei.


E hoje eu estou feliz. Estou apaixonada por ela. Não posso apertá-la, beijá-la como faço com cachorros, também não quero perder o meu nariz, mas ela me faz muito bem. Ela não vai latir, ela não vai correr na praia comigo, sua língua é áspera, não é bonita e fofa como a de um cachorro e ela não vai me olhar com aquele olhar que só os cães tem. Não posso querer isso dela. Ela é um gato e devo aprender a amá-la com o que ela pode me oferecer, do jeito dela, da forma dela.


Cachorros sempre serão meus preferidos. Mas Mila não entrou na minha vida à toa. Pode parecer bobagem, viagem da minha cabeça, mas vejo nessa estória toda uma oportunidade enorme de crescer, de aprender como pessoa e de aproveitar melhor o curso do rio da vida. Estou reconstruindo muitas idéias aqui dentro de mim. O tempo está passando e hoje eu consigo perceber as coisas de outra forma. Na verdade, eu estou aprendendo a olhar a vida de outra forma. Permitindo novos contextos, insistindo, tentando, buscando mais.


Pois é Mila , você chegou na hora certa e veio pra ficar...quanto ao amor, pode deixar sua maloca, que o tempo cuidará.

sexta-feira, 10 de junho de 2011

O último texto cronista - 7CC




Como é difícil dar adeus ao que nos faz bem!!

Eis o último texto do blog 7 cronistas crônicos que tive a honra de escrever representando todos os meus amigos cronistas.


É pra vocês...