sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

2010...

2010. Talvez o ano mais intenso de toda a minha vida. Tantas coisas aconteceram nesses 365 dias, mas eu consigo fazer claramente uma retrospectiva dele na minha mente e no meu coração. Talvez porque 2009  foi o ano mais difícil que já vivi, entrei em 2010 com muita esperança, muita fé e determinação de que dias melhores viriam, e vieram.

Em janeiro eu tive alta da minha terapia e ganhei, no fim das contas, uma grande amiga, a Alê. Em fevereiro nasceu esse blog, o Na próxima esquina, que me ajudou (e ajuda) tanto a entender  melhor o que se passa comigo. Em março eu recebi o convite para fazer parte do blog 7 Cronistas Crônicos, um espaço que me dá tanto orgulho e prazer de fazer parte. No mesmo mês voltei pela segunda vez pra Noronha, o meu paraíso na terra. O lugar que eu costumo dizer que salvou a minha vida em 2009.

Foi em meados de abril que eu percebi que havia conquistado a confiança dos meus colegas de trabalho de uma maneira mais sólida. As pessoas acham que passar num concurso público garante tudo, mas é comum você encontrar nesses lugares muita competição, pedra no sapato e puxão de tapete. Hoje posso dizer que tenho amigos no trabalho, e não mais apenas colegas de profissão.

Em julho eu consegui comprar meu primeiro carrinho zero. Meu uno João Francisco Way. Foi um desafio tão grande decidir comprá-lo e devo ao meu primo Estevinho o impulso, a companhia e alegria de estar comigo num momento tão esperado. No mesmo mês eu perdi Savinho. Talvez eu nunca me recupere plenamente de sua partida. Ainda ouço seus latidos pela casa, seu cheiro no quarto, sua companhia ausente, mas sei que Deus fez o melhor para ele, pra nós.

No final de setembro eu viajei para a Europa. Revi minha irmã, conheci verdadeiramente e me apaixonei pelo meu cunhado, conheci 4 dos outros 6 cronistas do blog, fiz grandes amigos inesperados e passeei por lugares incríveis, vivi momentos inesquecíveis. Voltei no final de outubro, cheguei num dia e no outro viajei para Salvador para o casamento do meu querido Jorge. Fui com a minha irmã de alma, Dani. Não viajávamos sozinhas há muito tempo, foram dias especiais para nós e ainda conheci o 5 cronista do blog.

Em novembro eu recebi um convite para ensinar num cursinho para concursos na área de arquivologia. Um desafio, uma proposta inovadora, e eu aceitei. Hoje me sinto à vontade numa sala de aula e até me acostumei a ser chamada de professora.  Há poucos dias recebi uma proposta para ensinar em outro cursinho...parece que 2011 será de boas oportunidades de trabalho, que bom.

Mas dentre todas as emoções vividas, nada se compara à compra do meu apartamento. Eu sonhei a vida inteira com isso. Só quem sempre morou de aluguel e era nômade como eu e minha família poderá entender o que significar ter “um chão”. Eu não planejei comprá-lo agora, mas assim como eu vinha pedindo a Deus, ele chegou até mim de uma forma muito leve, natural. E numa oportunidade imperdível, que aos trancos e barrancos, na luta e na garra (como diz meu pai), eu consegui alcançar.

2010 foi um ano de renascimento. De colocar sentimentos em ordem, apesar de sentir que essa é uma tarefa diária e que talvez para sempre seja. De recomeçar a sonhar, a planejar, a viver e não mais só querer passar pela vida. Não me vem outra palavra para definir este ano. Ele foi mesmo marcante, importante...intenso. E que venha 2011, e ainda melhor. Para todos nós.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

7CC - Oportunidade e Liberdade

A partir de hoje vou começar a linkar os meus textos do blog 7 cronistas crônicos aqui Na próxima esquina.

É meio que um de trás para frente, do último texto ano de 2010 em diante, mas é uma forma de fazer a minha parte com a divulgação desse blog coletivo de crônicas que eu tanto amo.

Hoje eu falei sobre a relação entre a oportunidade e a liberdade. Confiram se puder!

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Comer, rezar, amar



Eu tive que me conter para não escrever nem publicar esse texto antes. É que eu achei melhor esperar o filme sobre o livro sair dos cinemas e também achei que seria bacana me dar um tempo para sentir saudades de uma grande amiga. A amiga é a Liz, a Elizabeth Gilbert. O livro que teve o filme baseado nele é o “Comer, rezar, amar”. Sem dúvidas, o livro mais marcante do ano para mim.       

Eu fui indicada a ler esse livro por Dani, minha melhor amiga há mais de 15 anos e que me conhece às vezes melhor do que eu mesma. Eu lembro bem do que ela me disse quando começou a lê-lo: “Dyne, tu tem que ler esse livro. Eu lembro o tempo inteiro de você”. E com livros, a indicação dela é sempre boa, com filmes nem tanto, mas essa é uma outra estória.

Foi amor à primeira lida. Eu tive uma empatia absurda com a Liz. Viramos amigas de maternidade na primeira página. Íntimas e confidentes. E por tabela, ela me apresentou o Richard do Texas que se tornou o nosso irmão mais velho. Caramba, como ele falava pra mim. Eram tantas as diretas e indiretas certeiras dele, que era comum eu ir dormir chorando tamanho o impacto de suas palavras. É que eu passei a ouvir pelos ouvidos da Liz, a me emocionar com ela. E acabei vendo a Itália, a Índia e a Indonésia pelos seus olhos também.

Eu começei a ler o livro algumas semanas antes de viajar para a Europa e levei-o comigo na viagem. Só que como ele é grande e eu tinha que economizar espaço no mochilão, não o levei para Londres, Paris, Barcelona e Madri. Eu nunca senti tanta falta de um alguém que eu nunca vi na vida como senti falta da Liz. Eu sempre imaginava o que ela estava fazendo na India (parte do livro que eu tinha parado) e no que o Richard estaria dizendo para ela.

Pois é, os livros tem esse poder de fascínio comigo. Eu viajo mesmo na estória. Entro de cabeça e me transporto para o dia, hora e local dos acontecimentos. Eu me entrego à literatura e me permito moldar e mudar por ela. E foi bem assim com Comer, rezar e amar. Eu aprendi muito com os erros e acertos da Liz, com os conselhos do Richard, com tudo que ela viveu e as formas como lidou.

O filme é lindo, mas incomparável – naturalmente – ao livro. Esse livro é um daqueles que vale a pena passar adiante como uma notícia boa. E assim eu fiz em Portugal com uma amiga linda que conheci por lá, a querida Jujuca. Comprei o livro para ela no dia da minha volta e deixei com a minha irmã para entregá-la. Eu só espero, como coloquei na dedicatória, que o livro faça (ou, a essa altura, tenha feito) tão bem a Juliana como fez a mim. E que bem ele me fez...

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Satisfação


Caramba, como eu estou sumida.
Há tempos não cruzo essa esquina, não encontro comigo mesma.
A concentração para escrever tem fugido, tem escapado.
A que surge eu deposito nos 7 Cronistas, é uma questão de responsabilidade, de compromisso mesmo.
Mas sempre penso nesse espaço, sempre. E prometo voltar a ser mais assídua porque é aqui onde posso ser verdadeiramente plena e completa.
Por hoje foi só uma satisfação. Eu volto aqui em breve. Prometo.

sábado, 27 de novembro de 2010

(Des)estabelecendo prazos




Desde cedo eu aprendi a estabelecer, a planejar, a focar em metas, em objetivos de vida. Nada metódico ou sistemático, eu não funcionaria assim. Mas é que eu sempre soube aonde não queria chegar ou aonde não queria ficar. O caminho a percorrer seria conseqüência, inicialmente, dessas duas convicções e escolhas.

O tal do “deixa a vida me levar, vida leva eu” não se adequa a pessoas como eu. Acho que essa filosofia é para quem tem a vida ganha (ou garantida) e por isso aonde chegar será lucro. Essa não é, nem nunca foi, a minha realidade. A minha estória sempre esteve mais relacionada ao “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”, mas acima de tudo ao “andar com fé eu vou que a fé não costuma falhar”.

Ao voltar da trip pela Europa, eu percebi que por mais que eu estabeleça prazos, alvos para alcançar, há situações que fogem totalmente do meu controle. Eu, ingenuamente, pensei que a minha mente e o meu coração não doeriam por estar em lugares que jamais me lembrariam o passado ou me remeteriam à saudade, mas foi uma ilusão boba minha.

É mentir pra mim mesma achar que estou pronta, achar que estou curada. E como diz o Carpinejar, não precisamos perfumar a mentira para acreditar nela porque a verdade não precisa de banho. Eu sempre prometi aos meus queridos jamais desistir ou me entregar, e assim será, mas às vezes tenho a sensação que nunca conseguirei me curar plenamente. Essa sim é a verdade sem perfume.

Isso se chama fraqueza de fé. E eu tenho tanto a aprender sobre fé. Sobre descansar, sobre se entregar sem querer expiar, a esperar sem ansiar. Hoje eu sei que nós levamos as dores para onde quer que vamos. Elas só não estarão mais conosco quando as deixarmos pelo meio do caminho. O difícil é o processo de desprendimento durante esse caminho, pois isso leva tempo e o tempo é algo muito particular. Não tem quem passe por ele por nós.

Por isso, preciso ter humildade para reconhecer as minhas limitações, paciência para esperar a cura do tempo e coragem para seguir com apenas uma meta, e de curto prazo : ser feliz só por hoje.

terça-feira, 9 de novembro de 2010

Meu lugar é aqui

                                        


Barcelona, Londres, Lisboa, Madri, Paris. Essa não foi a ordem na qual eu conheci as cidades. Essa foi a ordem da minha preferência, do meu encanto, do meu amor. Além dessas, ainda conheci outras sete do norte de Portugal, as lindas Aveiro, Óbidos, Cascais, Porto, Sintra, Braga e Barcelos, mas aqui vou deter-me as cinco primeiras.

Barcelona foi amor a primeira vista. Eu sempre quis conhecer Barcelona e não me decepcionei em nada. Barcelona tem vida, tem cor, tem sorriso, leveza, sabor e cheiro. A cidade tem praia, tem clima, tem um dos melhores times do mundo com um dos estádios mais lindos que já vi. Barcelona tem arte, tem espaço, tem verde e jovialidade.

Londres é de uma grandiosidade encantadora. Tudo parece funcionar naquele lugar. Ela é antiga, ela é moderna, ela é clássica, ela é fantasticamente cosmopolita. Nunca vi tanta mistura numa só cidade e o melhor, funcionando. O frio assusta, mas as pessoas, de alguma forma, acolhem. É muita cultura, muito conhecimento para quem quiser ter. Há muito o que se aprender e fazer por ali.

Lisboa e suas sete colinas. Lisboa que me lembrava Olinda. Uma cidade verdadeiramente linda. Certamente o céu mais bonito que vi em toda a Europa. De um azul, uma cor sem igual. Uma cultura que funde com a nossa, é minha história ali também. Da linda Praça do Comércio, do imponente Rio Tejo, do eclético Bairro Alto, da minha linda Ponte 25 de Abril.

Madri é fofa. Ela é querida. Sede do estádio de futebol mais lindo que já conheci, o Santiago Bernabéu do Real Madri. Cidade de praças arborizadas, de comidas deliciosas como o simples e inesquecível sanduíche do Montaditos, sem falar na paella e no Museo del Jamon, claro.

Paris é a história, é o sonho, o mito. Uma cidade que vive pelo passado. Paris é a lindíssima Torre Effeil, o fascínio do Louvre, a doce Montmartre e o astral da escadaria da Sacre Coeur, além do charme da Champs-Élysées e do Arco do Triunfo. É o conto de suas pontes e encanto do Rio Sena. É o frio avassalador. Nos arredores há a linda Versalles e a mágica EuroDisney. E fica mais ou menos por aí.

Decidi falar das cinco cidades de uma forma mais leve, tentando não opinar de forma julgadora sobre as minhas impressões. Até porque a experiência é para ser vivida, e ela é única. O que foi para mim, o que senti, pode ser diferente em você, e que bom a vida ser assim. Já que tenho como filosofia de vida só levar comigo o que foi bom, levo dentro do coração e da memória cada momento vivido nessas cidades, momentos esses que a minha câmera fotográfica jamais registraria.

Mas a principal conclusão dessa linda e inesquecível viagem é que eu moro no melhor país do mundo. Nada se compara ao Brasil. Nós temos centenas de problemas que eles não tem, isso é um fato. Mas nós temos um ótimo clima, nós temos comidas incríveis, culturas geniais, pessoas calorosas, além de sorrisos e abraços gratuitos. Recife é a minha cidade, eu a amo do jeito que ela é e eu sou uma privilegiada por viver – muito mais do que morar -  num “país tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza”. Deus deve ser mesmo brasileiro.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Começando pelo começo...


Depois de quase um mês sem dar notícias e mais de um mês sem escrever para o Na Próxima Esquina, eis que estou de volta. Pensei em começar escrevendo sobre situações gerais que mexeram comigo durante esse tempo, relacionado à viagem ou não, mas acho que é justo compartilhar de uma forma mais pessoal o que vivi nesse período com os poucos que me acompanham.

Então vou começar pelo começo. Embarquei dia 24 de setembro à noite e cheguei em Lisboa no dia 25 pela manhã, só que no mesmo dia, à tardezinha, viajei para Londres. Então tudo tem ínicio, verdadeiramente, na capital inglesa. Primeiro eu me perdi no aeroporto de Lisboa e levei uns 20 minutos para encontrar o meu portão de embarque. Eu estava um pouco nervosa com a imigração, com medo de fazer besteira e ser mandada de volta e assim não passar o aniversário da minha irmã com ela.

No avião, resolvi relaxar e logo fiz amizade com um vôzinho, o Sr. Paul. Ele era um viúvo londrino muito distinto, tinha 75 anos e acabara de visitar sua nova namorada em Lisboa. Nossa amizade começou porque ele me viu lendo um livro em português e logo em seguida viu meu guia de viagens em inglês. Então ele abriu sua pasta e pegou o seu dicionário em português e me mostrou. Antes de nos apresentarmos, fomos presenteados um com o sorriso do outro pela coincidência. Conversamos sobre a vida em si e fiquei feliz em entender a metade do que ele dizia. A outra metade, dependendo da expressão dele, eu só sorria.

Como uma típica marinheira de primeira viagem que não sabia que para comer ou beber em aviões europeus tem que pagar, deixei minha carteira na mochila e não queria incomodar meu velho novo amigo para pegar o din din e jantar, assim resolvi cochilar. Mas para minha surpresa – e alegria, eu estava com muita fome - fui acordada pelo Sr. Paul que gentilmente comprou um sanduíche delicioso para mim de pepperoni e queijo.

Chegamos na terra da Rainha e ao sair do avião tive vontade de voltar. Levei uma rajada de vento absurdamente gelada no rosto que arrepiou até o pêlo do dedo do pé. Eu desci correndo para entrar no aeroporto, pois não havia aquelas cabines que acoplam na aeronave...fomos a pé mesmo. Eu nunca havia sentido tanto frio na vida. Na imigração, uma tranquilidade e logo após ela, o tão esperado abraço, o da minha irmã.

Escrevi mais do que eu queria, e devia. E como isso é um post de um blogue e não o capítulo de um livro, falo sobre Londres em si, a seguir. Em breve, prometo!




sexta-feira, 24 de setembro de 2010

Rumo à Europa

                                   



E chegou o grande dia. Hoje à noite viajo para Lisboa, mas só chego lá na manhã do sábado. No mesmo dia, à noite, sigo para Londres onde vou, finalmente, rever a minha irmã. Eu não me acostumo com a distância física dela, e nem quero. Tê-la por perto sempre será fundamental pra mim, e por ela e por tantos outros, essa viagem tem tudo para ser inesquecível.

Eu não sei como será a minha frequência de postagens por aqui porque minha viagem é de mochila nas costas, descansos em albergues e pé no mundo. Os 7CC é um compromisso, prazeroso, mas é um compromisso e por isso tenho que honrar. Então todas as quartas eu estarei por lá, mas prometo tentar ser assídua e dividir aqui com vocês as minhas experiências em Lisboa, Londres, Barcelona, Madri e Paris.

Meu caderninho estará comigo. Vou escrevendo tudo de interessante que eu puder, aí na primeira oportunidade, compartilho. Volto no final de outubro...até lá, muitas experiências pra viver, muitos sonhos a realizar e muitas estórias pra contar, prometo!



sábado, 18 de setembro de 2010

O que, de fato, é um problema pra você?


Eu não sou das pessoas mais pacientes da face da Terra. Minha fé e resignação diante dos problemas da vida vieram através da oportunidade de praticá-las e assim aprendê-las. E ninguém pratica fé e resignação em bons momentos. Eu já sofri muito por maximizar as coisas, por dar uma dimensão maior a tudo e olhar com lentes de aumento situações que não mereciam tanta atenção. Mas aprendi, ou melhor, tenho aprendido a reverter isso a cada manhã.

Quando Estevinho (meu primo-irmão) teve um câncer de pulmão em 2008, eu fiquei muito revoltada com a vida. E não fui legal com Deus. Estive fraca na fé não porque eu não entendia, mas porque eu não aceitava aquilo. Meu primo tinha 23 anos, nunca fumou nem bebeu, era todo “geração saúde”. Ele fez três cirurgias num intervalo de 34 dias, passou  meses com dois drenos entre as suas costelas, tomou morfina, emagreceu 12 kilos e passou bem perto da morte. Mas Deus é muito massa....Ele olha além!

Foi nessa época que aprendi, espero que definitivamente, a diferenciar o que é um problema do que não é um problema. Aprendi que aquilo que depende de nós para ser mudado não é um problema, é uma escolha, é uma opção que pode até gerar angústia e dor, é verdade, mas se depende de nós para ser resolvido, não denomino assim.

O que não depende de nós sim, pode ser um problema. Por isso a situação do meu primo era um problema pra mim. Estive no hospital quase que diariamente durante os seis meses de internação dele. Eu me disfarçava de aluna (já que ele estava num hospital universitário) e levava seu café da manhã escondido numa bolsa com fundo falso e entregava a minha tia pela janela. Eu saía do trabalho e ia pra lá só pra almoçar com ele e nos fins de semana lá estava eu de novo, mas nunca levava a cura. E isso me doía demais.

Quando descobrimos a malignidade do seu tumor estávamos só eu e ele. E a nossa reação foi sair um de perto do outro. Eu corri pra praia. Eu queria gritar, esmurrar algo, mas longe dele, e ele queria ficar sozinho. Hoje, dois anos depois, meu irmão está noivo, cursando educação física e coloca sua noiva e eu no chinelo quando vamos correr juntos, tamanha a sua resistência física.

Estevinho me ensinou, ele me preparou pra encarar outros problemas da vida. A luta dele pra sobreviver naquele hospital me fez entender de fato como reagir diante dos problemas. E hoje, tudo que acontece comigo, das menores às maiores situações, eu me pergunto: “Ei, Sandryne? Isso é mesmo um problema?”. Respondo-me de forma franca e reajo diferente a cada resposta. E normalmente a resposta é não. Não é um problema. É apenas uma situação chata, triste, estressante, mas que existe uma saída e sim, eu posso superar.

sábado, 11 de setembro de 2010

A vida não é um álbum de orkut



Daqui a menos de 15 dias eu entrarei de férias. Eu assinei minha carteira de trabalho aos 18 anos e desde então eu nunca tirei 30 dias de férias. Esta será minha primeira vez. Também será a primeira vez que carimbo o passaporte rumo a Lisboa, Londres, Barcelona, Madri e Paris.

Vou rever minha irmã e comemorar o aniversário dela, o meu e o do meu cunhado pelo mundo. Cada data num país diferente, mas dessa vez juntas como há 3 anos não acontece. Claro que estou ansiosa pela viagem, mas confesso que mais ainda por isso. Por voltarmos a celebrar o nascimento de um novo ciclo, das duas (ou melhor, dos três), juntas.

Já ouvi de várias pessoas que sabem que vou fazer essa viagem frases como “que chique, hein?”, “tá podendo né?”. Engraçado, as pessoas acham que a vida real é um álbum de orkut onde só existem cenas de alegria e magia. Não galera, a vida (pelo menos a minha) não é. Nem argumento muita coisa ao ouvir esse tipo de comentário, mas só a minha irmã, minha família e alguns poucos amigos sabem o caminho que percorri pra chegar até aqui.

Eu e Soraya estamos planejando essa viagem há mais de um ano. Nós não temos “paitrocínio” nem “mãetrocínio” desde os nossos 12 e 13 anos quando começamos a trabalhar como office boy. Dessa idade em diante, todo o supérfluo (viagem, cursos, roupa e etc) foi com a gente. É muito fácil o pessoal olhar o álbum da minha irmã e dizer que ela e Daniel estão muito bem, conhecendo o mundo e tal, mas ninguém além deles sabe realmente tudo que eles passaram.

Alguém que me lê aqui sabe que o meu cunhado trabalhou, entre tantas coisas, de carteiro em Lisboa carregando mochilas pesadas e de tanto andar criou bolhas nos pés que o fizeram um dia ter que parar e sentar na calçada chorando sem saber ao certo o que estava fazendo naquele lugar? Alguém aqui sabe que a minha irmã largou o emprego de professora universitária em Recife para trabalhar mais de oito horas em pé vendendo bijuterias num shopping? E tudo isso para pagar o mestrado. Ah, não há fotos no orkut sobre isso.

A minha estória com essa viagem resume-se a planejamento e força de vontade. Não posso me dar o luxo de pensar “ah, quero viajar”, aí sacar a grana no banco e ir. Eu terminei de pagar a passagem dessa viagem em maio, de juntar a grana mínima para me manter lá em junho e agora tá chegando a hora de fazer tudo isso valer a pena. Serão mais de 30 dias sem trabalhar, sem o trânsito de Boa Viagem, sem rotina, sem ter medo de me permitir, sendo muito feliz.

Eu viajo cheia de expectativas de novos colírios de lugares e pessoas para minha a retina, de novos amigos, de novas experiências, de novas sensações, de novos sorrisos e do velho. Do velho acordar e ver a minha irmã do meu lado, do velho dormir e saber que ela está ali caso apareçam raios e trovões, do velho e simples hábito de desejarmos uma a outra, pessoalmente, um feliz aniversário.

Novas estórias virão, também assim espero. Porque certamente o que mais torço para acontecer são novas inspirações, pra tudo. E sim, eu colocarei fotos no orkut.

sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Um carro 1.0 com ar condicionado ligado





Sabe quando você quer seguir, sente que precisa continuar e algo maior te impede ou simplesmente você não consegue? Pois bem, essa sou eu em algumas manhãs. Na teoria é tudo muito simples: eduque seus pensamentos, preencha seu tempo com coisas úteis, espere o tempo passar e por aí vai. Mas como eu já escrevi aqui antes, nem sempre a prática pratica a teoria.

Quem tem carro popular 1.0 sabe a diferença da força dele em andar com o ar condicionado ligado e com o ar desligado. Tenta subir uma ladeira de Olinda com um carrinho desses com o ar funcionado....vai lá...aproveita e pede pra todo mundo sair de trás porque é bronca conseguir! Ele perde muita de sua capacidade e eu não sei explicar o porquê, como dizia Chicó do Auto da Compadecida, “só sei que foi assim”. E não é que há momentos em que eu me sinto exatamente assim? Um carro 1.0 com o ar condicionado ligado.

Sei pra onde devo ir, lembro de tudo que já me disseram pra fazer, vou a minha caixinha de forças diárias, pego a minha dose de ânimo e levanto da cama pra....pra nada. Isso porque tem dia que nada faz muito sentido pra mim, e eu detesto admitir isso. Meu corpo tem reagido incessantemente à realidade da minha mente. Desde o início do ano uma dor atrás da outra está aparecendo e todos os médicos dizem a mesma coisa: seus exames não dizem nada demais, suas dores são de caráter emocional. E vale salientar que eu não tenho nada de hipocondríaca. Quem me conhece sabe que eu detesto tomar remédios.

Por tudo isso, apesar de eu me respeitar muito, às vezes exijo muito de mim mesma. “Bora, Sandryne, reage que não vai adiantar nada ficar nessa”. Eu sou a pessoa que mais me aconselha. Nós (eu e eu mesma) ficamos grandes amigas, até porque uma depende da outra pra ficar bem. Acontece que a morte de Sávio foi uma grande rasteira na minha caminhada de reestruturação emocional. Eu não estava preparada para perdê-lo. Eu precisava de mais um tempo para digerir a outra perda. Só que nada é por acaso e tudo tem uma grande razão de ser, e acredito de verdade nisso.

Eu sei que já evoluí muito e acredito no melhor do porvir porque estou fazendo a minha parte. Não creio estar embaçando as boas energias ao meu redor. E tenho pedido muito a Deus que eu tenha olhos para ver, ouvidos para ouvir e coração para sentir quando chegar o momento de virar essa página e recomeçar minha vida sentimental. 

Aos poucos estou desligando o ar condicionado e seguindo com toda a força que possuo dentro de mim. Eu posso estar agora apenas na segunda marcha, mas devagar, uma por uma, como tem que ser pra não bater o motor, eu chego na quinta. E lá alcançarei a verdadeira liberdade, a de dentro pra fora, novamente livre pra amar...eu chego lá!

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

6 meses de relacionamento



Tudo começou com uma admiração. A partir dela, o encantamento e o despertar de um sentimento há tempos adormecido. Foi tudo muito rápido, leve e simples. Quando eu vi, já havia acontecido. Eu não planejei nada, não calculei nada, só aconteceu. E ele tem me feito um bem enorme, inclusive como eu nunca pensei que faria. Mas nem é tão novidade assim, vocês já o conhecem, falo do meu blog, o Na Próxima Esquina.

O D`além Mar que causou a admiração, o encantamento e despertou em mim o prazer de escrever, tão praticado na infância e adolescência e tão escanteado na fase adulta. Já a terapia, ou melhor, a minha ex-terapeuta e hoje amiga Alexandra, foi quem trabalhou para que a idéia da escrita fosse algo bom e tranquilo pra mim. E assim nasceu esse espaço.

Em agosto completei 6 meses de relacionamento com o blogue, mas sinto como se ele fizesse parte da minha vida há mais tempo. Talvez porque ele nasceu durante uma mudança interna muito profunda. Ele nasceu quando eu decidi sair “do luto à luta”. E o Na Próxima Esquina foi fundamental nesse processo de transição tão doloroso. Na verdade foram as palavras, a escrita que tornou isso possível. O blogue é o suporte, mas um suporte tão encantador pela interação que proporciona que credito 50% de mérito a cada um. É mais justo.

Também é justo e fundamental agradecer a cada pessoa que passa por aqui e “me lê”, comenta, sugere, discorda e se emociona comigo. Essa aproximação é muito especial. Durante esse tempo tenho encontrado colegas que não vejo ou falo com freqüência e me surpreendo ao saber que eles estão me acompanhando, pelo menos por aqui. Já comentaram meus posts no meio da rua, dentro do elevador, no estacionamento. Só que o mais gostoso disso tudo é o abraço e o sorriso no final da conversa. É acolhedor e torna a distância do dia dia e das relações algo menor. E ainda tenho o prazer de contar por aqui com seguidores que nem conheço e agora com um comentarista anônimo que tá me matando de curiosidade. Muito bacana isso.

Como se não bastasse tudo que esse blogue já me trouxe, com pouco mais de 3 meses escrevendo fui convidada por Gustavo, meu blogueiro preferido, a participar de um projeto ousado - para mim - e que se tornou uma grande paixão, o blogue 7 Cronistas Crônicos. Hoje eu tenho 6 amigos que (ainda) não conheço pessoalmente, espalhados pelo Brasil e pela Europa, mas alguns deles são mais presentes na minha vida do que muitos que vivem há poucos quilômetros da minha casa. Pelo Na Próxima Esquina fui convidada também a participar de projetos literários acadêmicos na universidade que estudei e por causa dos dois, me viciei em crônicas. Os blogues me dão sede de leitura. Por causa deles, tudo agora é inspiração e quase tudo pode virar um texto.

O melhor é que sinto aqui dentro uma vontade enorme de continuar, de escrever, de compartilhar. Alexandra sempre conversou comigo sobre a importância de se reaprender a sonhar. Ela dizia para eu planejar coisas novas e seguir em frente sem focar mais no que não podia ser mudado. Só assim eu perderia o medo do que não era mais seguro. E dentre outros fatores, o blogue tem tornado isso possível. Cada vez mais eu quero viver, eu quero sonhar e olhar adiante para poetizar e postar. Uma viagem dos sonhos se aproxima, o encerramento de um novo ciclo de vida também...e há tanto a fazer por aí. Ainda há muito a descobrir, a encontrar e se apaixonar nas próximas esquinas do porvir.

domingo, 22 de agosto de 2010

O presente é nosso



A gargalhada mais revigorante. O jeito mais doce. O colo mais aconchegante. A postura mais íntegra. O olhar mais alegre. O abraço mais apertado. A voz mais acolhedora. As mãos mais seguras. O cabelo mais cheiroso. A dança mais engraçada. A alma mais leve. O maior coração do mundo.

Tudo isso faz dela a pessoa mais importante da minha vida. Tudo isso faz dela o grande amor da minha vida . E se outras vidas eu tiver e me for dada a chance de escolher, escolho vir filha dela de novo, pois uma vida é muito pouco para dar-lhe todo o amor que há em mim.

São 56 anos de luz e de paz para os que convivem com ela. 56 anos de amor, do mais puro e bonito amor para qualquer um que cruzar o seu caminho. Assim é a minha mãe. Um ser que Deus fez e "perdeu a forma".

Parabéns, mainha. O aniversário é teu, o presente de te ter em nossas vidas é todo nosso.

Obrigada por tudo, meu amor. Eu te amo, muito e demais.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu só queria votar

Desde os 16 anos, essa será a primeira vez em que eu não vou votar. Para mim o voto é um direito e não um dever cívico ou obrigação. Não vejo a política como um assunto chato ou maçante. Dependendo das pessoas, do local e do foco da conversa, ela pode ser um tema até um bocado interessante. Até porque, ou você entende e aprende a lidar com ela ou vira um analfabeto alfabetizado por ler, assistir e ouvir sobre política e não compreendê-la.

Em setembro eu viajo para Portugal e de lá seguirei para outros países numa viagem dos sonhos que termina dia 30 de outubro. Quando eu decidi a data para viajar, eu nem me lembrei das eleições. Eu só queria passar os 30 anos da minha irmã com ela. Claro que entre o voto e Soraya, eu ficaria com a segunda opção, mas talvez eu pensasse por alguns minutos a respeito se tivesse me atinado na época. É que eu sempre gostei de política, não da partidária, mas da social em si.

Eu dei uma lida rápida nos direitos e deveres do eleitor no Código Eleitoral, liguei para o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, falei com cinco setores até chegar ao gabinete do Presidente do TRE-PE e nada. O que eu queria? Votar. Ninguém entendia que eu não queria justificar, que eu queria votar. Foi aí que o gentil e atencioso assessor da Presidência me informou que quem cuida do voto dos eleitores residentes ou em trânsito no exterior é o TRE do Distrito Federal. Liguei para lá e não teve jeito, eu não tenho como votar.

Eu fiquei bem chateada e decepcionada na hora. Puxa vida, é um direito meu e não há nada que o assegure? Tanta tecnologia e não posso tê-la a meu favor para votar. Eu não queria justificar, EU QUERIA VOTAR. Minha candidata a Presidente precisa de mim, do meu voto, eu sei disso. E agora? Vou deixá-la na mão? Respeito, mas não concordo em justificar, anular ou votar em branco. Não vejo sentido nisso, salvo em situações específicas. Até porque acho que uma dose de interesse e boa vontade são suficientes para encontrar algumas (talvez poucas) opções para voto, mas que podem fazer a diferença.

Eu não vou colocar uma lente de aumento nessa situação e sofrer com isso, também não é para tanto. Mas sinto de verdade em não poder valer o meu direito e contribuir com quem eu acredito. Porém, espero que o povo brasileiro seja justo e coerente. Claro que não haverá unanimidade, ainda bem, até porque já dizia o Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. E é mesmo. Eu só espero vontade, coragem e fé individual e coletiva. Eu só espero que o coração, especialmente na eleição presidencial, fale mais alto que a razão.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sobre os ônibus e as pessoas


Chegou o grande dia. Meu carro chega hoje, o João Way. Engraçado como a gente se acostuma rápido com o que é bom. A vida inteira eu andei de ônibus, há pouco mais de um ano que eu ando de carro, mas eu pude perceber que não senti falta do buzão. Ainda mais porque voltei ao GOL (grande ônibus lotado) no período de volta às aulas e de chuva, ou seja, muita gente e janelas fechadas. Mas como sempre, procuro ver um lado bom em tudo...e encontrei, ou melhor, reencontrei porque elas ainda estavam lá.

Durante dois anos eu peguei o Candeias/Dois Irmãos (conhecido pelos alunos da UFPE como “two brothes”) às 06:30hs para chegar à universidade às 08h, daí largava ao meio dia, pegava no trabalho às 13h, largava às 19h e voltava ao Campus para adiantar o curso por causa da greve. E pra finalizar, o último “two brothers” da noite para chegar em casa às onze. Ou seja, boa parte do meu dia eu passava nos ônibus.

Os motoristas e cobradores desses horários tornaram-se grandes amigos. Nossa amizade começava porque eu sou campeã em dormir em ônibus. Eu durmo em ônibus como ninguém, é minha especialidade, então eles costumavam me acordar nos terminais e a partir daí, uma nova amizade nascia. Por sinal, quinta-feira eu passei direto e fui parar no terminal de Jardim Piedade (um tanto distante da minha casa). Liguei para minha mãe dizendo que ia me atrasar e ao desligar o telefone ela ainda estava dando gargalhadas, fazer o quê?

Outra coisa bem peculiar dos ônibus pra mim são as pessoas. Eu e Nathália, minha amigona da facul, costumávamos dizer que íamos escrever um livro só com as personagens da Avenida Caxangá. E não foram poucas. Essa semana eu pude reencontrá-las, não as mesmas, mas eram elas. Sexta-feira eu estava na parada há mais de 20 min., numa chuva danada, o guarda-chuva velho de guerra e aparece um Gene Kelly cantando Singing in the rain dando voltas e mais voltas no poste. Ele era a pessoa mais feliz daquele lugar. Passei o dia rindo me lembrando do cara que mais parecia com aquele cantor de Tieta, o Luiz Caldas.

Já ontem eu reencontrei um pedinte famoso do ônibus Rio Doce/ Piedade. Durante os quase dois anos que eu trabalhei no bairro do Torreão, eu só tinha essa opção de ônibus para voltar e ele sempre estava lá às 18:20h. Eu já tinha todo o texto decorado de seu acidente de moto em que caiu no Rio Tiête em São Paulo. Eu sabia de có e salteado a quantidade de costelas fraturadas e os pontos espalhados pelo seu corpo. Saí desse emprego em 2008 e ele continua lá, no mesmo ônibus e com a mesma estória. Ele também me reconheceu, depois da estória ainda ganhei um abraço carinhoso, uma pipoca salgada e fomos conversando até Boa Viagem.

Eu acredito de verdade que tudo tem pelo menos dois lados, ou seja, um positivo e um negativo. Então eu tinha duas opções: ou me estressar e focar na péssima qualidade de transportes públicos de Recife ou relaxar e observar o que tem de bom e até engraçado naquilo, no meu ponto de vista, as pessoas. Fiquei com a segunda opção e até me diverti em alguns momentos esses dias, mas sendo super sincera: eu estou mesmo é ansiosa para ver o João e curtir ele com as pessoas que farão parte disso! E que venham novas estórias.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O oposto do Mick Jagger

Quarta e quinta-feira eu fui dormi bem tarde, mais do que eu deveria pelo dia seguinte de trabalho, mas foram bons motivos, ou melhor, excelentes. Quarta-feira, final da Copa do Brasil, Vitória x Santos no Barradão, em Salvador. No outro dia, final da Libertadores e briga pela vaga no Mundial de Clubes, São Paulo x Internacional no Morumbi, em São Paulo. Como sempre, eu e meu pai na frente da televisão. Como sempre, ele vai dormir e eu fico lá até o final, e que finais.

Eu sou apenas Sport Clube do Recife. Não tem essa comigo de torcer por um time em cada lugar e também não tem essa de estado ou região. Eu quero mais é que o Náutico e o Santa Cruz se lasquem e conheçam todo o alfabeto das séries, o Santinha ,por sinal, tá na letrinha D. Que bonitinho!! Só que eu gosto de futebol. Eu quero é ver gol, lances bonitos, passes, dribles e sorrisos. E vencer é sinônimo de sorriso, de gente feliz. Vi isso por dois dias consecutivos porque, como diz meu pai, “ganhar é melhor do que perder”.

Primeiro jogão, os meninos da Vila, o Santos, que vem de uma campanha belíssima desde o início do ano, contra um grande adversário, um dos melhores times nordestinos, devo admitir, o Vitória. Pra quem torcer? Eu sempre gosto de escolher um. Então relacionei alguns motivos para ajudar na decisão: 1) minha família de Sampa é santista; 2) o marido de Iza (minha amigona de Brasília) é santista; 3) eu adoro o futebol do Ganso. Respeitada as devidas proporções, eu sempre me lembro do Zidane quando vejo o Paulo Henrique jogar. O cara joga sem fazer esforço, com lances limpos, com calma e leveza. Ah, tinha outra coisa: quem foi o único clube nordestino a vencer a Copa do Brasil? O Sport. Decidido, vou torcer pelo Santos. Quem ganhou?

Segundo jogo, decisão para a final da Libertadores. São Paulo e Inter, dois clubes mais do que experientes nessa competição. O Inter estava com a vantagem, mas jogar contra o São Paulo no Morumbi não é fácil. Jogo de raça, de pegada, de falhas...e que falha hein, Renan? Senti peninha dele, de verdade. Foi um jogo muito tenso, aquele final com o Rogério Ceni na linha do gol do Renan foi no mínimo angustiante, e exagerado Ceni (aqui entre nós). Sim, mas pra quem torcer? Dessa vez foi mais fácil escolher, se eu fui Santista no dia anterior, era melhor ficar por ali, então vamos torcer pelo Inter...e me diga aí, quem ganhou?

Pois é, descobri que sou “pé quente”, que sou o oposto do Mick Jagger. Vou marcar uma reunião com a diretoria do Sport e dizer que eles precisam de mim por lá, quero passe livre e nas sociais. E se alguém tiver o e-mail do Ricardo Teixeira, gentileza enviar porque eu gostaria de dizer ao Mano que não se preocupe na sua gestão, eu vou torcer pelo Brasil. Quem sabe eu não vejo mais sorrisos por aí!

domingo, 1 de agosto de 2010

O primeiro a gente nunca esquece



João Francisco entrou na vida da minha família num momento bem delicado. Meu pai precisava de “alguém” como ele e eu só podia ter um do seu jeito. Eu procurei, procurei e quando o vi foi amor à primeira vista. Ele estava no cantinho, meio isolado, mas aos meus olhos ele se destacou dos demais. Lá estava aquele que viria a ser o meu primeiro carro, o meu uno João.

Por que João? Eu explico: João Francisco era o nome do meu avô. Um pescador alto e forte dos manguezais de Olinda...e era assim que eu via o meu uno 2004. Pra mim ele era uma Hilux, quase uma S10, o jipe dos meus sonhos, a minha Land Roover!

Em agosto de 2008 meu pai estava numa fase complicada no trabalho e precisava de um carro. Ele é corretor de imóveis, não tem contracheque e não conseguia financiar um. Na mesma época, lá estava eu com poucos meses de formada e ganhando o meu primeiro salário com três zeros. Sem saber muito bem no que eu estava me metendo, fiz uma proposta ao meu pai: eu financiaria um carro para ele trabalhar e as parcelas e o seguro seriam meus e a gasolina e manutenção dele. Ah, e de segunda a sexta o carro era dele e aos sábados, domingos e feriados, João era meu.

A proposta deu tão certo que no final do ano passado meu pai comprou o dele. Em janeiro desse ano João veio para as minhas mãos de vez e além de aumentar as minhas despesas, ele aumentou o meu prazer também. É que eu adoro dirigir, sempre soube que adoraria, e vivi momentos incríveis nesse carro. Carnaval, praia, shows, festas, feirinha, família, amigos, tantas vezes amiga da vez... a verdade é que o João foi um grande parceiro!

Meus amigos o chamavam  pelo nome, minha mãe não pedia “meu carro” emprestado, ela pedia o João emprestado. Eu lembro que quando sofri o acidente em 2009, o cara que bateu no carro ficou maluco porque eu chorava sem parar dizendo que ele machucou o João, que ele era um irresponsável. E o rapaz assustado ficava me perguntando quem era o João, se era pra chamar a ambulância....hoje dá pra rir disso!

É estranho olhar para garagem agora e vê-la vazia. Acabo de entregar João aos seus novos donos, grandes amigos por sinal, e que o batizaram de Leoni (o carro de Léo e Simone). Eu passei o João para frente porque parti para um novo desafio. Eu consegui chegar lá, bem antes do que eu esperava, mas cheguei: comprei meu primeiro carro 0 km. Um uno mille way, simples, mas é meu. É o que eu posso ter e sou muito feliz por isso.

O nome? João Francisco Way. Eu tenho certeza que esse carro me levará a novos bons momentos por aí a fora, mas esse post eu quero dedicar ao primeiro uno João...é que não tem jeito gente, o primeiro carro a gente nunca esquece!

quinta-feira, 29 de julho de 2010

"Sexo no primeiro encontro?" - visão feminina


Minha mente acaba de ser turbinada com idéias, lembranças e pensamentos sobre uma situação um tanto que delicada e até polêmica sobre o sexo. É que eu acabo de ler o texto do meu amigo cronista, o Gustavo, no nosso 7CC. Quem ainda não leu, pare esse texto agora. Vá lá e depois, se quiser uma visão feminina, volte.

“Sexo no primeiro encontro?” é uma visão dele, e não necessariamente masculina, sobre o sexo casual, sobre a quantidade de encontros necessários para transar. Homens, atenção: esse é um assunto que fatalmente rolará numa rodinha de mulheres, especialmente se elas estivem rindo (contando suas peripécias), sérias (defendendo seus pontos de vista) ou chorando (lamentado o comportamento de algum babaca que entendeu aquela transa de outra forma).

Dizem que é difícil entender a cabeça das mulheres, né não? Calma, não é bem assim não. É difícil entender a mente dos dois. Não tem pra quê sermos machistas ou feministas agora, na boa, sejamos todos sinceros. O lance é que cada um tem seus “pré-conceitos”, foram educados sexualmente de formas distintas e pensam e julgam – inclusive acho que às vezes a mulherada pega mais pesado – uns aos outros.

Sexo é química. É toque, é cheiro, é pele, não tem muita racionalidade nisso a ponto de decidir antecipadamente, como a amiga do Gustavo, quantos encontros deve-se ter para rolar a primeira transa. O que mais conversamos entre nós mulheres nem é tanto a quantidade de encontros, e sim como se comportar nesse primeiro encontro. O que se deve fazer, o que não é legal, o que é fundamental, o que vai pegar mal!

O depois é o “x” da questão: o que vão pensar de mim? Reputação, imagem, etc. Não é mesmo tão simples lidar com tudo isso, eu admito! Mas quer saber? Eu sei bem quem eu sou e o que eu quero da vida. Se o cara sair por aí falando besteira, ele que é o babaca da história. Até porque, como Gustavo falou, são outras as qualidades de uma mulher que vão fazer ele (ou homens como ele) permanecerem entusiasmados, interessados nela. É esse tipo de pensamento e atitude que eu procuro em alguém.

Acho que é por aí meninas, cada uma sabe o que é melhor pra si! Afinal, quantidade (de encontros,  transas e parceiros) não é o que importa, a qualidade sim... e de todos eles.

domingo, 25 de julho de 2010

Sem apagar os caminhos que caminhou!



Eu conto nos dedos das mãos, e ainda de forma incompleta, a quantidade de relacionamentos, rolos ou adjacentes que eu tive. Meu primeiro beijo foi aos 12 anos de idade, aos 16 comecei um namoro que durou 11 anos, terminou ano passado aos 27, e hoje eu tenho 28. Mas esse relacionamento terminou algumas vezes e me relacionei com outras pessoas nesses intervalos. Se não fosse por isso os dedos de uma só mão seriam suficientes para falar da minha vasta experiência amorosa! Agora sabe o que essas relações têm em comum? O pós – relacionamento. É que eu sou amiga ou me dou bem com todos eles, todos, sem exceção!

Essa semana eu descobri que um ex-rolo vai ser pai. Nosso relacionamento foi rápido, ele se envolveu, eu não, e por isso achei melhor não insistir mais e manter o respeito e a amizade. Assim que eu soube da notícia, liguei e tivemos uma conversa linda, muito bacana. Eu fiquei muito feliz porque sinto, de verdade, que ele será muito feliz. Algumas amigas souberam da ligação e disseram: “só Sandryne mesmo pra fazer isso!”. Eu soube do espanto delas com um espanto ainda maior do que o delas. Talvez porque eu não tenha entendido a razão.

Por que as pessoas acham estranho quando “exs” qualquer coisa se dão bem? Isso não deveria ser o comum? Você conviveu, compartilhou, gostou, até amou alguém e porque se separaram não podem ser amigos? Isso sim é bem esquisito pra mim. Um dos meus exs namorados me traiu (com uma mulher, vale salientar, logo abaixo vocês entenderão o porquê desse parêntese), eu soube, terminei e tempos depois descobri que ele virou (ou já era, né?) gay! Pois é, meus caros, pouca experiência, mas intensa: já namorei um gay, sem saber, claro, mas agora nem importa...podem me zoar! E ainda assim me dou bem com ele, dupla traição, poxa! Mas, enfim, isso tem mais de 12 anos e quero mais é que ele seja feliz!

Claro que ao sair de um relacionamento que rolou sacanagem ou que um se machucou mais do que o outro é difícil, de imediato, ter uma convivência bacana. Mas só não vale alimentar e encarar tal situação como natural. Novos caminhos serão construídos, mas não é por isso que se deve apagar as pegadas por onde caminhou. Nem sempre há razão para aumentar uma distância que naturalmente acontecerá evitando a tal pessoa ou tratando-a com indiferença. No fim das contas, o melhor pra quem fica e pra quem sai é tentar se dar bem, é querer bem, seguir em frente e levar consigo só o que foi bom, até porque, como diz o Alexandre Carlo do Natiruts “ódio e rancor não dão em nada”. E não dão mesmo!




sexta-feira, 23 de julho de 2010

O dia que eu fui (de alguma forma) ao show do Pearl Jam



Dia 10 de Julho de 2010 eu realizei um sonho, ou melhor, a minha irmã e o meu cunhado realizaram um dos meus grandes sonhos para essa vida. Eu escutei a voz estonteante do Eddie Vedder, o som singular da guitarra do McCready e do Gossard, o inconfundível baixo do Jeff Ament e a batida grungeana do Matt Cameron. Eu "vi" e ouvi o Pearl Jam (PJ), meus caros, a minha banda preferida...por telefone, é verdade... mas eu ouvi!

Desde que a minha irmã me disse que ia para o show do PJ (tadinha, ela não ficou tão a vontade ao me contar), não teve um só dia que eu não pensei nisso. “Caramba, minha irmã vai ver os caras ao vivo, tipo frente a frente...meu Deus!!!” Eu sonhei com o show dormindo, acordada, imaginei mil cenas, viajava nas músicas que eles cantariam e depois de várias conversas e e-mails, eu e ela decidimos que eu escolheria 3 músicas para ela me ligar de lá.

Eu fiz uma verdadeira análise combinatória no check list da turnê para chegar mais próximo às possibilidades da banda tocar uma determinada música. Não ia adiantar nada eu escolher um som que eu amasse se os caras não tocassem. Eu cheguei a umas 10 e a número 1, a que tinha 78% de chance deles tocarem era a alucinante Given to Fly. Nos últimos 4 shows, antes de Portugal, os caras tocaram-na em todos eles, ou seja, o percentual de chances subiu para 100%. Combinamos tudo, enviei as músicas em MP3 para ela saber quais eram e pronto!

Chega o dia do show e eu já acordo com dor de barriga. Eu estava muito ansiosa. Logo em seguida recebo uma mensagem de Aya: ” estou indo para o show”, voltei para o banheiro na hora! Como dizem minhas amigas, meu estômago estava repleto de “borboletas”, imagina a cena! O tempo não passava...chegava meia noite e não chegava a hora de ela me ligar. Deixei o celular carregando mais de 12 horas (sabe-se lá, né não?) e como eu estava na Praia do Francês (AL), meu lugar seguro era onde o sinal estava mais ativo.

De repente o telefone toca: “Aya Portugal” , aí danosse, o treme treme começou e lá vai eu: “ alôôô Ayaaaaa”, aí ela: “escuta Dyneeeee”. E eu não escutava bulhufas! E olhe que eu conheço bem o repertório do PJ, mas o som estava distorcido, que meleca! Cai a ligação. Poucos minutos depois ela liga de novo e advinha? GIVEN TO FLY. O som estava super nitído e ainda deu tempo de escutar os primeiros acordes. No refrão não deu mais pra conter a emoção, eu cantava, chorava e dançava, tudo de uma vez.

Ela ainda me ligou em Black (os caras raramente tocam Black, diga aí?), Nothingman, Betterman e Even Flow. Eles tocaram In Hiding – que eu amo demais e é pouco conhecida – não havia indícios dela nos últimos 20 shows. Quando tudo terminou ela me ligou e conversamos um tempinho. Ela me disse que nem no primeiro show do U2 (banda que ela é super fã) ela chorou tanto como nesse. Ela disse que me via ao seu lado, que era para eu estar lá e tal...aí eu chorei o resto das lágrimas que sobraram.

Certamente não foi a mesma emoção que imagino que será quando chegar a minha vez de vê-los ao vivo, mas de verdade: eu fiquei muito feliz de saber que ela estava lá. Se não for para eu realizar um sonho meu, que seja alguém que eu ame a realizar e a minha irmã foi com certeza a melhor representante para esse. Um dia eu ainda vou num show do Pearl Jam, em vários, se Deus quiser, disso eu tenho certeza. E quem sabe não será com ela? Quem sabe em 2012? Quem sabe em Londres? Mas isso são cenas para um próximo capítulo....!