quinta-feira, 28 de abril de 2011

Uma nova relação



A música exerce um poder de fascínio encantador entre as pessoas. Pode-se não entender nada da letra nem ter conhecimento algum sobre cifras, notas ou acordes e ainda assim ser apaixonado por uma canção. E eu sempre quis sentir essa sensação mais de perto, ou melhor, exercer a provocação desse sentir. Não, eu nunca pensei em ser uma rock star, eu só queria mesmo era aprender a tocar violão.

Meu pai costumava lamentar não ter tido condições de colocar eu e minha irmã para aprendermos a tocar um instrumento quando crianças. Essa realidade era bem longe da gente. Comprar um violão então, nem pensar. Mas acho que tá chegando o dia, pai. Isso porque ele já está aqui, bem ao meu lado. Segunda-feira eu trouxe ele pra casa e sim, ele é muito, muito lindo...foi amor à primeira vista.  Saí da loja com um sorriso do canto a outro.  E sábado é o dia : minha primeira aula de fato.

Hoje foi outra etapa da preparação: eu cortei minhas unhas. Deixei-as tão curtas como só deixo quando quebram, mas fui feliz da vida para o salão. Tudo bem, eu sei que terei calos e que vai me faltar a paciência diversas vezes também. Mas eu quero muito aprender a tocar, de verdade. Vou me esforçar pra tirar toda parte chata de letra. Eu estou pensando assim: da mesma forma que eu me dediquei aos estudos na facul e depois para concursos – ambos meio que por obrigação - , eu quero me dedicar e estudar o violão, mas agora só por prazer.

Aprender a tocar as músicas do Pearl Jam é uma meta, é o alvo, é o sonho. Mas quero embalar os sábados à noite lá de casa com alegria. Quero tocar Chico Buarque pro meu pai, Clara Nunes pra minha mãe, Raul Seixas pra minha tia, Legião pra minha irmã e talvez até Leandro e Leonardo pra minha avó. Coragem! No fim das contas, eu só quero mesmo realizar esse desejo tão antigo que estava adormecido esperando a oportunidade pra despertar. Bem, chegou a hora de acordar, ou melhor, chegou a hora de tocar.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Chegadas e despedidas

Eu adoro observar o comportamento das pessoas nos aeroportos. Não é tão comum eu ir até lá, então quando vou tento chegar um pouco antes do horário apenas para observar. No português arcaico, ao se despedirem, as pessoas diziam: "Encomendo-vos a Deus". Daí a expressão “adeus” numa partida. E eu não gosto de dizer adeus. Prefiro o “bem vindo”. Por isso prefiro as chegadas às despedidas.

Essa semana eu fui pegar a minha irmã no aeroporto e o vôo atrasou. Aí eu decidi sentar-me perto do desembarque e fiquei lá, rindo e me emocionando sozinha. São tão bonitas as chegadas, os reencontros. É um tipo de alegria estampada nos rostos que misturam lágrimas e sorrisos e isso me encanta. Não há como não se contagiar. Especialmente com o encontro de casais e de pais e filhos, ainda mais quando crianças.

As partidas também envolvem lágrimas, mas normalmente são de dor. A dor da saudade, do incerto, do tempo, a dor da distância. Por isso não gosto de levar ninguém ao aeroporto. Eu só gosto de buscar. O abraço da despedida é doído de soltar. Nem sempre sabemos quando acontecerá de novo. E isso machuca. E eu já me machuquei demais com partidas contra a minha vontade, temporárias e eternas, definitivamente não gosto de despedidas.

Chegar e partir faz parte da vida, eu sei. E muitas vezes uma partida pode ser, ao mesmo tempo, uma chegada também. Apenas num outro lugar, em outros braços, para novas oportunidades. Pois é, talvez seja melhor encarar as idas e vindas de pessoas, estórias e momentos como um ciclo natural da vida. Até porque, no fim das contas, o melhor mesmo é aproveitar enquanto tudo o que amamos ( seja o que ou quem for) não tem que partir.

domingo, 10 de abril de 2011

A balança dos 30

Todo mundo sabe que vivemos numa sociedade de consumo que costuma se apresentar pelo que tem e relaciona esse mesmo ter ao poder. Pois bem, por mais comum e até piegas que esse discurso possa ser, infelizmente, ele é a pura verdade. E existe até uma idade imposta, em alguns aspectos, para isso: os 30 anos.

“O que você tem aos 30 anos?” Em minha opinião, essa pergunta (realizada normalmente de outra forma) já surge a espera de uma resposta concreta. Ou melhor, de bens concretos, concordam? Casa, carro, emprego estável ou o próprio negócio e blá blá blá. É, ela espera por isso sim. Mas para as mulheres, essa pergunta vem, além disso, com um peso social extra como brinde. O que você tem aos 30 anos espera a seguinte resposta: sou casada e tenho filhos.

O pior não é a expectativa da sociedade por isso. Acho muito mais complicado a auto expectativa, o desespero, a frustração de muitas mulheres por tal situação, ou melhor, pela falta dela. Eu penso que os 30 anos trazem consigo uma bagagem de maturidade interessante para quem soube viver, de fato, esse período. Tempo suficiente para tentar entender que o bacana mesmo é olhar para trás e colecionar o que viveu, o que sentiu, o que construiu na memória e no coração sem um período determinado para isso.

E sim, eu quero um dia casar (não na igreja) e ter filhos. Porém, antes eu prefiro  construir uma relação bacana, amar de verdade e aí sim ter uma família. Mas por que colocar isso como um peso para aparecer na minha balança quando eu completar 30 anos? Por que caminhar para essa idade com aflição por não ter isso?

Pra mim, a balança dos 30 deve apresentar números que correspondam a sorrisos, a uma maior liberdade para se expressar e viver sem frescuras ou as inseguranças tolas dos 20. Acho que os 30 anos trazem consigo a capacidade de curtir novas (ou iguais) sensações da vida com outras perspectivas e experimentar os benefícios de uma maturidade juvenil, tudo isso com ou sem casa, carro, marido ou filhos.

Definitivamente, acho que vale muito mais a pena ser do que ter. Por isso, vivo os últimos seis meses antes dos 30 com a leveza de quem observa um horizonte à beira mar e acredita na beleza de tantas coisas boas que essa balança apresenta no porvir... 

quarta-feira, 6 de abril de 2011

Sexo e chocolate


Eu sempre ouvi falar que chocolate é afrodisíaco. E eu adoro chocolate. Nossa...como eu gosto dele!! Porém, eu nunca percebi uma reação diferente em mim além do simples prazer de comê-lo. Agora tem uma coisa que eu preciso admitir: ele é um grande aliado contra o humor da TPM, ou melhor, o mau humor causado por ela. E mais: a sua maneira, ele supre a falta de muitas coisas na vida de uma mulher, dentre elas o sexo.

Esse último mês eu percebi claramente que estava na TPM. Eu não costumo sentir cólicas ou outros sintomas da menstruação. Tudo pra mim é muito natural, sem dores ou coisas parecidas. Mas esse mês eu entrei em crise, numa fase de vício louco: ou eu comia chocolate ou eu morria.

Juro,eu não estou exagerando. Tá bem, tá bem, estou sim, mas só um pouco. É sério, foi uma semana comendo chocolate sem parar. De segunda à sexta-feira, eu comi 4 barras de chocolates praticamente sozinha. Há um posto de gasolina em Boa Viagem que vende uma cocada deliciosa, com um recheio que parece chocolate, uma perdição. Ou eu parava todos os dias nesse posto ou eu morria. Já entendeu que nesse texto o exagero é permitido não é? Pois bem, além das barras, eu devo ter comido umas 7 cocadas.

Foi aí que conversando sobre essa compulsão repentina com a minha irmã, eu mesma concluí que, além da TPM, devia ser a falta de sexo. É que eu li em algum lugar que o chocolate ajuda nessas “crises de abstinência”. E o argumento foi bem convincente: ele estimula a liberação do hormônio serotonina, um dos responsáveis pela sensação de prazer no ser humano. Completamente explicado. Satisfeitíssima com a definição. E tome chocolate!

Como eu jamais pagaria por sexo, eu pago feliz da vida pelo chocolate. Como o sexo casual não é muito a minha praia e o chocolate, em qualquer ocasião, faz totalmente a minha cabeça , eu fico, por enquanto, com a segunda opção. Sem maiores comparações ou competições, o melhor mesmo é juntar as duas opções, o sexo e o chocolate, e ao mesmo tempo também. Aí sim, não tem TPM certa para mudar o humor de uma mulher, só se for pra melhor.
  

sexta-feira, 1 de abril de 2011

De volta pra casa


Hoje, o blog 7 cronistas crônicos completa um ano . Quando eu recebi o convite para participar desse blog, eu tinha apenas 3 meses de Na próxima esquina. Foi uma surpresa e uma alegria enorme pra mim. Primeiro porque eu fui convidada para participar do projeto pelo meu blogueiro preferido, o Gustavo, e depois porque escrever é um dos meus maiores prazeres da vida.

Acontece que, como o próprio nome diz, o blog trata-se do gênero crônica. Ou seja, o mesmo tipo de escrita que desenvolvo aqui no meu blog. E mais, eu não sou profissional. Não sou jornalista, não estou acostumada a produzir textos diariamente. Por isso, o 7CC acabou ganhando mais a minha atenção. Eu tinha (e tenho) um compromisso: todas as quartas eu “passo” por lá. E devo (e quero) passar com vontade de caminhar.

Porém, a partir de hoje o 7CC decidiu experimentar um novo gênero, inclusive com dois novos colaboradores. Hoje, 1 de abril, a nossa verdade é o conto. Será uma única história por semana contada em oito capítulos, cada um com dois parágrafos. Continuo escrevendo nas quartas e, pelo ensaio que fizemos antes de começar as publicações em si, esse novo formato promete. Eu estou empolgadíssima.

Beira o mágico essa falta de controle de algo que é seu e ao mesmo tempo é nosso, no caso dos atuais 7 cronistas. Uma história que parte do imaginário de uma pessoa e vai tomando rumos diversos em toda a trama através de uma perspectiva individual, mas que terá uma visão coletiva. Recomendo a todos acompanharem. Acredito de verdade que valerá a pena.

E assim, prometo aos meus poucos leitores deste espaço, que voltarei a ser mais assídua a essa que é a minha casa virtual e que através dela construí amizades sólidas com vizinhos dessa blogosfera que tanto me encanta. Os temas dedicados às crônicas dos 7CC virão para cá, pois apesar da paixão avassaladora pelo conto, a crônica me dá uma sensação de liberdade enquanto ser. Mas no fim das contas, é tudo pela escrita, tudo pela literatura, pelo grande amor que sinto a arte de escrever.