Hoje, finalmente hoje, eu posso afirmar: eu tenho uma casa própria, comprei o meu “ap”. Agora o documento está no meu nome, todas as chaves estão comigo e sim, ele é todinho meu! Eu sempre ouvi colegas descreverem a emoção dessa conquista, especialmente aqueles que, como eu, financiaram esse sonho em longos 30 anos. Porém, em nenhum dos meus sonhos – acordada ou dormindo – eu cheguei perto de sentir o quão grandioso isso é. É uma sensação indescritível, de alívio, de olhar pra trás e ver que todo o caminho que eu percorri valeu a pena. Sinto que hoje é o amanhã que ontem eu esperei chegar.
Para algumas pessoas isso pode ser tão comum, até mesmo banal. Isso porque há quem ganhe carros e apartamentos como quem ganha um perfume no aniversário. Só que pra mim isso é muito mais do que a compra de um apartamento, é um sonho mesmo realizado. Um sonho de pelo menos 20 anos. Eu e minha irmã sofríamos quando tínhamos que nos mudar. Acho que não moramos em menos de 10 prédios durante a nossa infãncia. E naquela época não tinha celular, orkut, email para falar com os “amiguinhos”. A gente sempre tinha que recomeçar.
Além disso, tinha a minha mãe e os seus sonhos que acabavam sendo os meus também. Ela sonhava em ter uma casa que pudesse quebrar a parede, aumentar a sala, fazer uma janela e etc, só que por não ser o canto dela, nunca pôde fazer. E eu sonhava em realizar isso para ela um dia. E esse dia chegou porque o que é meu é dela, e é do meu pai e da minha irmã. No dia da assinatura do contrato na Caixa, eu sabia que meus pais não poderiam ir porque era em horário comercial. E aí chega meu pai, ele chegou mais tarde no santíssimo e sagrado futebol dele e foi lá só para estar comigo naquele momento e tirar fotos. Foi uma delícia.
Infelizmente eu não vou poder ir morar no apartamento agora. Infelizmente não porque tudo tem um tempo certo para acontecer. É que além do financiamento, eu tive que tirar um empréstimo para a entrada e não tenho condições de segurar a onda dos dois. Vou ter que esperar pelo menos um ano e meio, mas tá tudo certo. E o susto inicial de uma dívida que vai durar 30 anos já passou. Depois que eu pagar a primeira parcela só serão 29 anos e 11 meses, quase a minha idade. Moleza!
E essa conquista eu devo aos meus pais e a minha irmã. Aos meus pais pelos “nãos” conversados que eles me deram, mesmo machucando-os por dentro. Eles me fizeram aprender a dar valor ao trabalho, à vida, à luta diária pelo pão de cada dia e às conquistas suadas. Ao meu pai, em especial, que resolveu tudo pra mim e tem me ajudado absurdamente. E minha irmã pela ajuda com o seu FGTS, pelo incentivo, pelo apoio e sonhos sonhados juntas.
Essa é uma conquista que não é o cartão mastercard, mas que também não tem preço