quinta-feira, 26 de agosto de 2010

6 meses de relacionamento



Tudo começou com uma admiração. A partir dela, o encantamento e o despertar de um sentimento há tempos adormecido. Foi tudo muito rápido, leve e simples. Quando eu vi, já havia acontecido. Eu não planejei nada, não calculei nada, só aconteceu. E ele tem me feito um bem enorme, inclusive como eu nunca pensei que faria. Mas nem é tão novidade assim, vocês já o conhecem, falo do meu blog, o Na Próxima Esquina.

O D`além Mar que causou a admiração, o encantamento e despertou em mim o prazer de escrever, tão praticado na infância e adolescência e tão escanteado na fase adulta. Já a terapia, ou melhor, a minha ex-terapeuta e hoje amiga Alexandra, foi quem trabalhou para que a idéia da escrita fosse algo bom e tranquilo pra mim. E assim nasceu esse espaço.

Em agosto completei 6 meses de relacionamento com o blogue, mas sinto como se ele fizesse parte da minha vida há mais tempo. Talvez porque ele nasceu durante uma mudança interna muito profunda. Ele nasceu quando eu decidi sair “do luto à luta”. E o Na Próxima Esquina foi fundamental nesse processo de transição tão doloroso. Na verdade foram as palavras, a escrita que tornou isso possível. O blogue é o suporte, mas um suporte tão encantador pela interação que proporciona que credito 50% de mérito a cada um. É mais justo.

Também é justo e fundamental agradecer a cada pessoa que passa por aqui e “me lê”, comenta, sugere, discorda e se emociona comigo. Essa aproximação é muito especial. Durante esse tempo tenho encontrado colegas que não vejo ou falo com freqüência e me surpreendo ao saber que eles estão me acompanhando, pelo menos por aqui. Já comentaram meus posts no meio da rua, dentro do elevador, no estacionamento. Só que o mais gostoso disso tudo é o abraço e o sorriso no final da conversa. É acolhedor e torna a distância do dia dia e das relações algo menor. E ainda tenho o prazer de contar por aqui com seguidores que nem conheço e agora com um comentarista anônimo que tá me matando de curiosidade. Muito bacana isso.

Como se não bastasse tudo que esse blogue já me trouxe, com pouco mais de 3 meses escrevendo fui convidada por Gustavo, meu blogueiro preferido, a participar de um projeto ousado - para mim - e que se tornou uma grande paixão, o blogue 7 Cronistas Crônicos. Hoje eu tenho 6 amigos que (ainda) não conheço pessoalmente, espalhados pelo Brasil e pela Europa, mas alguns deles são mais presentes na minha vida do que muitos que vivem há poucos quilômetros da minha casa. Pelo Na Próxima Esquina fui convidada também a participar de projetos literários acadêmicos na universidade que estudei e por causa dos dois, me viciei em crônicas. Os blogues me dão sede de leitura. Por causa deles, tudo agora é inspiração e quase tudo pode virar um texto.

O melhor é que sinto aqui dentro uma vontade enorme de continuar, de escrever, de compartilhar. Alexandra sempre conversou comigo sobre a importância de se reaprender a sonhar. Ela dizia para eu planejar coisas novas e seguir em frente sem focar mais no que não podia ser mudado. Só assim eu perderia o medo do que não era mais seguro. E dentre outros fatores, o blogue tem tornado isso possível. Cada vez mais eu quero viver, eu quero sonhar e olhar adiante para poetizar e postar. Uma viagem dos sonhos se aproxima, o encerramento de um novo ciclo de vida também...e há tanto a fazer por aí. Ainda há muito a descobrir, a encontrar e se apaixonar nas próximas esquinas do porvir.

domingo, 22 de agosto de 2010

O presente é nosso



A gargalhada mais revigorante. O jeito mais doce. O colo mais aconchegante. A postura mais íntegra. O olhar mais alegre. O abraço mais apertado. A voz mais acolhedora. As mãos mais seguras. O cabelo mais cheiroso. A dança mais engraçada. A alma mais leve. O maior coração do mundo.

Tudo isso faz dela a pessoa mais importante da minha vida. Tudo isso faz dela o grande amor da minha vida . E se outras vidas eu tiver e me for dada a chance de escolher, escolho vir filha dela de novo, pois uma vida é muito pouco para dar-lhe todo o amor que há em mim.

São 56 anos de luz e de paz para os que convivem com ela. 56 anos de amor, do mais puro e bonito amor para qualquer um que cruzar o seu caminho. Assim é a minha mãe. Um ser que Deus fez e "perdeu a forma".

Parabéns, mainha. O aniversário é teu, o presente de te ter em nossas vidas é todo nosso.

Obrigada por tudo, meu amor. Eu te amo, muito e demais.

terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu só queria votar

Desde os 16 anos, essa será a primeira vez em que eu não vou votar. Para mim o voto é um direito e não um dever cívico ou obrigação. Não vejo a política como um assunto chato ou maçante. Dependendo das pessoas, do local e do foco da conversa, ela pode ser um tema até um bocado interessante. Até porque, ou você entende e aprende a lidar com ela ou vira um analfabeto alfabetizado por ler, assistir e ouvir sobre política e não compreendê-la.

Em setembro eu viajo para Portugal e de lá seguirei para outros países numa viagem dos sonhos que termina dia 30 de outubro. Quando eu decidi a data para viajar, eu nem me lembrei das eleições. Eu só queria passar os 30 anos da minha irmã com ela. Claro que entre o voto e Soraya, eu ficaria com a segunda opção, mas talvez eu pensasse por alguns minutos a respeito se tivesse me atinado na época. É que eu sempre gostei de política, não da partidária, mas da social em si.

Eu dei uma lida rápida nos direitos e deveres do eleitor no Código Eleitoral, liguei para o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, falei com cinco setores até chegar ao gabinete do Presidente do TRE-PE e nada. O que eu queria? Votar. Ninguém entendia que eu não queria justificar, que eu queria votar. Foi aí que o gentil e atencioso assessor da Presidência me informou que quem cuida do voto dos eleitores residentes ou em trânsito no exterior é o TRE do Distrito Federal. Liguei para lá e não teve jeito, eu não tenho como votar.

Eu fiquei bem chateada e decepcionada na hora. Puxa vida, é um direito meu e não há nada que o assegure? Tanta tecnologia e não posso tê-la a meu favor para votar. Eu não queria justificar, EU QUERIA VOTAR. Minha candidata a Presidente precisa de mim, do meu voto, eu sei disso. E agora? Vou deixá-la na mão? Respeito, mas não concordo em justificar, anular ou votar em branco. Não vejo sentido nisso, salvo em situações específicas. Até porque acho que uma dose de interesse e boa vontade são suficientes para encontrar algumas (talvez poucas) opções para voto, mas que podem fazer a diferença.

Eu não vou colocar uma lente de aumento nessa situação e sofrer com isso, também não é para tanto. Mas sinto de verdade em não poder valer o meu direito e contribuir com quem eu acredito. Porém, espero que o povo brasileiro seja justo e coerente. Claro que não haverá unanimidade, ainda bem, até porque já dizia o Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. E é mesmo. Eu só espero vontade, coragem e fé individual e coletiva. Eu só espero que o coração, especialmente na eleição presidencial, fale mais alto que a razão.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Sobre os ônibus e as pessoas


Chegou o grande dia. Meu carro chega hoje, o João Way. Engraçado como a gente se acostuma rápido com o que é bom. A vida inteira eu andei de ônibus, há pouco mais de um ano que eu ando de carro, mas eu pude perceber que não senti falta do buzão. Ainda mais porque voltei ao GOL (grande ônibus lotado) no período de volta às aulas e de chuva, ou seja, muita gente e janelas fechadas. Mas como sempre, procuro ver um lado bom em tudo...e encontrei, ou melhor, reencontrei porque elas ainda estavam lá.

Durante dois anos eu peguei o Candeias/Dois Irmãos (conhecido pelos alunos da UFPE como “two brothes”) às 06:30hs para chegar à universidade às 08h, daí largava ao meio dia, pegava no trabalho às 13h, largava às 19h e voltava ao Campus para adiantar o curso por causa da greve. E pra finalizar, o último “two brothers” da noite para chegar em casa às onze. Ou seja, boa parte do meu dia eu passava nos ônibus.

Os motoristas e cobradores desses horários tornaram-se grandes amigos. Nossa amizade começava porque eu sou campeã em dormir em ônibus. Eu durmo em ônibus como ninguém, é minha especialidade, então eles costumavam me acordar nos terminais e a partir daí, uma nova amizade nascia. Por sinal, quinta-feira eu passei direto e fui parar no terminal de Jardim Piedade (um tanto distante da minha casa). Liguei para minha mãe dizendo que ia me atrasar e ao desligar o telefone ela ainda estava dando gargalhadas, fazer o quê?

Outra coisa bem peculiar dos ônibus pra mim são as pessoas. Eu e Nathália, minha amigona da facul, costumávamos dizer que íamos escrever um livro só com as personagens da Avenida Caxangá. E não foram poucas. Essa semana eu pude reencontrá-las, não as mesmas, mas eram elas. Sexta-feira eu estava na parada há mais de 20 min., numa chuva danada, o guarda-chuva velho de guerra e aparece um Gene Kelly cantando Singing in the rain dando voltas e mais voltas no poste. Ele era a pessoa mais feliz daquele lugar. Passei o dia rindo me lembrando do cara que mais parecia com aquele cantor de Tieta, o Luiz Caldas.

Já ontem eu reencontrei um pedinte famoso do ônibus Rio Doce/ Piedade. Durante os quase dois anos que eu trabalhei no bairro do Torreão, eu só tinha essa opção de ônibus para voltar e ele sempre estava lá às 18:20h. Eu já tinha todo o texto decorado de seu acidente de moto em que caiu no Rio Tiête em São Paulo. Eu sabia de có e salteado a quantidade de costelas fraturadas e os pontos espalhados pelo seu corpo. Saí desse emprego em 2008 e ele continua lá, no mesmo ônibus e com a mesma estória. Ele também me reconheceu, depois da estória ainda ganhei um abraço carinhoso, uma pipoca salgada e fomos conversando até Boa Viagem.

Eu acredito de verdade que tudo tem pelo menos dois lados, ou seja, um positivo e um negativo. Então eu tinha duas opções: ou me estressar e focar na péssima qualidade de transportes públicos de Recife ou relaxar e observar o que tem de bom e até engraçado naquilo, no meu ponto de vista, as pessoas. Fiquei com a segunda opção e até me diverti em alguns momentos esses dias, mas sendo super sincera: eu estou mesmo é ansiosa para ver o João e curtir ele com as pessoas que farão parte disso! E que venham novas estórias.

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

O oposto do Mick Jagger

Quarta e quinta-feira eu fui dormi bem tarde, mais do que eu deveria pelo dia seguinte de trabalho, mas foram bons motivos, ou melhor, excelentes. Quarta-feira, final da Copa do Brasil, Vitória x Santos no Barradão, em Salvador. No outro dia, final da Libertadores e briga pela vaga no Mundial de Clubes, São Paulo x Internacional no Morumbi, em São Paulo. Como sempre, eu e meu pai na frente da televisão. Como sempre, ele vai dormir e eu fico lá até o final, e que finais.

Eu sou apenas Sport Clube do Recife. Não tem essa comigo de torcer por um time em cada lugar e também não tem essa de estado ou região. Eu quero mais é que o Náutico e o Santa Cruz se lasquem e conheçam todo o alfabeto das séries, o Santinha ,por sinal, tá na letrinha D. Que bonitinho!! Só que eu gosto de futebol. Eu quero é ver gol, lances bonitos, passes, dribles e sorrisos. E vencer é sinônimo de sorriso, de gente feliz. Vi isso por dois dias consecutivos porque, como diz meu pai, “ganhar é melhor do que perder”.

Primeiro jogão, os meninos da Vila, o Santos, que vem de uma campanha belíssima desde o início do ano, contra um grande adversário, um dos melhores times nordestinos, devo admitir, o Vitória. Pra quem torcer? Eu sempre gosto de escolher um. Então relacionei alguns motivos para ajudar na decisão: 1) minha família de Sampa é santista; 2) o marido de Iza (minha amigona de Brasília) é santista; 3) eu adoro o futebol do Ganso. Respeitada as devidas proporções, eu sempre me lembro do Zidane quando vejo o Paulo Henrique jogar. O cara joga sem fazer esforço, com lances limpos, com calma e leveza. Ah, tinha outra coisa: quem foi o único clube nordestino a vencer a Copa do Brasil? O Sport. Decidido, vou torcer pelo Santos. Quem ganhou?

Segundo jogo, decisão para a final da Libertadores. São Paulo e Inter, dois clubes mais do que experientes nessa competição. O Inter estava com a vantagem, mas jogar contra o São Paulo no Morumbi não é fácil. Jogo de raça, de pegada, de falhas...e que falha hein, Renan? Senti peninha dele, de verdade. Foi um jogo muito tenso, aquele final com o Rogério Ceni na linha do gol do Renan foi no mínimo angustiante, e exagerado Ceni (aqui entre nós). Sim, mas pra quem torcer? Dessa vez foi mais fácil escolher, se eu fui Santista no dia anterior, era melhor ficar por ali, então vamos torcer pelo Inter...e me diga aí, quem ganhou?

Pois é, descobri que sou “pé quente”, que sou o oposto do Mick Jagger. Vou marcar uma reunião com a diretoria do Sport e dizer que eles precisam de mim por lá, quero passe livre e nas sociais. E se alguém tiver o e-mail do Ricardo Teixeira, gentileza enviar porque eu gostaria de dizer ao Mano que não se preocupe na sua gestão, eu vou torcer pelo Brasil. Quem sabe eu não vejo mais sorrisos por aí!

domingo, 1 de agosto de 2010

O primeiro a gente nunca esquece



João Francisco entrou na vida da minha família num momento bem delicado. Meu pai precisava de “alguém” como ele e eu só podia ter um do seu jeito. Eu procurei, procurei e quando o vi foi amor à primeira vista. Ele estava no cantinho, meio isolado, mas aos meus olhos ele se destacou dos demais. Lá estava aquele que viria a ser o meu primeiro carro, o meu uno João.

Por que João? Eu explico: João Francisco era o nome do meu avô. Um pescador alto e forte dos manguezais de Olinda...e era assim que eu via o meu uno 2004. Pra mim ele era uma Hilux, quase uma S10, o jipe dos meus sonhos, a minha Land Roover!

Em agosto de 2008 meu pai estava numa fase complicada no trabalho e precisava de um carro. Ele é corretor de imóveis, não tem contracheque e não conseguia financiar um. Na mesma época, lá estava eu com poucos meses de formada e ganhando o meu primeiro salário com três zeros. Sem saber muito bem no que eu estava me metendo, fiz uma proposta ao meu pai: eu financiaria um carro para ele trabalhar e as parcelas e o seguro seriam meus e a gasolina e manutenção dele. Ah, e de segunda a sexta o carro era dele e aos sábados, domingos e feriados, João era meu.

A proposta deu tão certo que no final do ano passado meu pai comprou o dele. Em janeiro desse ano João veio para as minhas mãos de vez e além de aumentar as minhas despesas, ele aumentou o meu prazer também. É que eu adoro dirigir, sempre soube que adoraria, e vivi momentos incríveis nesse carro. Carnaval, praia, shows, festas, feirinha, família, amigos, tantas vezes amiga da vez... a verdade é que o João foi um grande parceiro!

Meus amigos o chamavam  pelo nome, minha mãe não pedia “meu carro” emprestado, ela pedia o João emprestado. Eu lembro que quando sofri o acidente em 2009, o cara que bateu no carro ficou maluco porque eu chorava sem parar dizendo que ele machucou o João, que ele era um irresponsável. E o rapaz assustado ficava me perguntando quem era o João, se era pra chamar a ambulância....hoje dá pra rir disso!

É estranho olhar para garagem agora e vê-la vazia. Acabo de entregar João aos seus novos donos, grandes amigos por sinal, e que o batizaram de Leoni (o carro de Léo e Simone). Eu passei o João para frente porque parti para um novo desafio. Eu consegui chegar lá, bem antes do que eu esperava, mas cheguei: comprei meu primeiro carro 0 km. Um uno mille way, simples, mas é meu. É o que eu posso ter e sou muito feliz por isso.

O nome? João Francisco Way. Eu tenho certeza que esse carro me levará a novos bons momentos por aí a fora, mas esse post eu quero dedicar ao primeiro uno João...é que não tem jeito gente, o primeiro carro a gente nunca esquece!