sábado, 27 de março de 2010

O elo do encontro


Existe uma teoria, criada na década de 60, que afirma que no mundo são necessárias no máximo seis laços de amizade para que duas pessoas quaisquer estejam ligadas. Tal afirmação denomina-se teoria dos seis graus de separação.

Eu já tinha ouvido falar nessa teoria, porém estudei-a com mais afinco após ter sido convidada para participar de um grupo de 7 crônistas – em breve falarei mais a respeito - composto por blogueiros do Brasil e de Portugal.

É incrível como o universo conspira a favor quando há uma ligação a ser feita. Para mim, as seis pessoas que fazem parte de cada laço, de cada elo, não estão nele a toa. Porque se assim fosse, qual a razão de não estarem em outra ligação ou elo qualquer? Além de acreditar nessa falta de acaso, acredito no tempo de nos ligarmos uns aos outros. Há elos criados e rompidos, e há aqueles que não se romperão jamais.

Podemos cruzar com uma determinada pessoa em diversas circunstâncias num ciclo qualquer – infância, adolescência, juventude...- e nunca termos visto verdadeiramente essa pessoa. Nesse período, ela foi só mais um alguém que passou em nosso caminho.

Entretanto, num dado momento, anos, décadas a frente, esse mesmo alguém cruza e não passa, ele fica. Os olhos finalmente se encontram, as palavras são trocadas e a partir daí cabe à quimica, à física explicar o nascer de uma amizade ou até mesmo um grande amor.

Eu vivo essa teoria de alguma forma consciente. Convivo com elos inquebráveis. Hoje observo quem nunca antes observei. Sinto sensações e interesses diferentes. Tão perto e tão longe. É que alguns laços demoram para ser formar, os elos para se estabelecer e até o tempo precisa de um tempo para acontecer.

terça-feira, 23 de março de 2010

O sapo pode virar um príncipe


A vida não é um conto de fadas. Li essa frase ontem numa conversa via MSN com uma amiga e isso não saiu da minha cabeça durante todo o dia de hoje. Até porque, temos que reconhecer: nós mulheres temos uma habilidade incrível para acreditar em contos, em cinema americano, em príncipe encantado, e tudo isso em pleno 2010.

É cruel admitir que muitas vezes me vejo fazendo parte desse time, mas acalenta-me observar nessa escalação mulheres lindas, bem sucedidas, tímidas, alegres, “seguras”, enfim, das mais diversas personalidades, todas na mesma situação. Nada disso importa quando o assunto é relacionamento. Há momentos em que somos todas cinderelas, brancas de neve ou qualquer coisa parecida (e insegura).

Outro aspecto que eu sempre penso é a razão pela qual a gente observa logo os defeitos deles. Tem isso, tem aquilo....ahhhh, mas não tem aquilo outro que é primordial para mim. A gente quer algo pronto (e perfeito). Não pensamos na essência da mistura, da troca, no aceite e até mesmo na transformação sutil que as relações são capazes de fazer com aquela aparente imperfeição.

Para nós, muitas vezes, a primeira impressão é a que fica. Mas quem disse que tem que ser assim? Alguma propaganda da TV? Nem sempre o primeiro momento marca, mexe. E aí achamos que isso significa não ter tido química, mágica, ou seja, é melhor deixar para lá! Com isso, perdemos tantas chances bacanas. Fechamos-nos para o que a vida pode trazer. É bom ficarmos atentas meninas, pois se lembrem: o sapo pode virar um príncipe.

sexta-feira, 19 de março de 2010

" Um pinico com dois paulistas dentro"


Eu tenho preconceito com o preconceito. E já sofri de seu mal uma vez: por ser nordestina. O ano era 2001 e eu trabalhava com produção de cinema. Um longa metragem de uma famosa diretora de cinema cuja locação principal era a linda cidade de Penedo, em Alagoas.

Eu era a caçula da equipe - tinha 19 anos - e sentia um carinho especial de todos , menos do meu diretor de produção. Ele sempre me tratava com frieza, distância e até grosseria. Eu trabalhava 14, 15 horas por dia, dava o meu melhor e nunca o satisfazia.

Só que a “marcação” começou a ficar notória. Até que um dia, subindo as escadas da casa onde ficava a base do filme, ouvi uma colega perguntando a ele a razão pela qual me tratava tão mal. Foi aí que ele respondeu: “não gosto do sotaque dela. Me dá enjôos”.

Eu ouvi tudo e foi um golpe difícil pra mim. Já não via minha família há 4 meses, não agüentava mais a comida do hotel, a frieza de um quarto de hotel...Desci as escadas decidida a fazer as malas e voltar pra casa. Até que encontrei a figurinista do filme que me viu chorando. Ela me convenceu a ficar, mas só aceitei porque abriu uma vaga para ir trabalhar em outra locação, na Bahia. E fui para bem longe dele. Acho que até hoje ele não sabe o que ouvi...

Eu poderia ter subido aquelas escadas, o encarado e falado tanta coisa, havia tantas palavras “engasgadas”. Mas eu me senti tão mal, como o preconceito dói. Eu só aprendi a lidar com esse tipo de situação anos depois.

O ano era 2006 e eu estava em Brasília conversando com o avô de uma amiga, um paraibano alegre e esperto. Ele me contava histórias da construção da cidade. Toda sua família saiu de sua terra natal e foram lá para trabalhar, ele como pedreiro. O vô me contou uma estória incrível sobre preconceito que eu ri tanto quanto aprendi.

Na década de 60, numa manhã de sábado, ele foi comprar um pinico. Quando chegou à venda, no balcão, apontou para o objeto e pediu ao vendedor:

- Seu Zé, o senhor me dê um pinico.
- Um o quê?? Perguntou Seu Zé, uma paulista que também foi trabalhar em Brasília.
- Um pinico. Insistia o avô da minha amiga
- Não sei o que é isso não!
- Aquilo homem, um pinico! Apontava sem parar.
- O que é pinico? Eu não tenho isso aqui! Irritava-se o Seu Zé.
- Menino, é isso aqui! Pendurando-se no balcão para chegar mais perto do objeto.
Seu Zé finalmente entendeu o que era e respondeu: - Ah, um nordestino! De que tamanho?
O avô da minha amiga respondeu: - Cabendo dois paulistas dentro tá bom!

Quanta sabedoria, vô...quanto jogo de cintura!

terça-feira, 16 de março de 2010

Investir ou Desistir?


Investir requer risco
Desistir, suspiro
Investir requer coragem
Desistir, humildade

Risco para ousar
Suspiro para aliviar
Coragem para seguir
Humildade para reconhecer quando se chega ao fim.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Uma outra visão


Eu sempre tive uma personalidade forte. Mas não sou teimosa (não sempre). Eu prefiro o Raul Seixas que não tem uma opinião formada sobre tudo do que a Gabriela que nasceu assim, viveu assim e vai morrer assim.

Lendo o Carpinejar, lembram? – meu novo amigo -, tem uma crônica que ele termina assim: “Não mudo de opinião, mudo o sentimento da opinião”. Hoje me sinto assim. Mudando os sentimentos de opiniões que eu tinha. E isso tem me feito muito bem.

A cada nova experiência, fracassada ou bem sucedida, tenho vivenciado novas sensações, permitindo-me saboreá-las, seja esse sabor amargo ou doce. Antes, eu não ousava tanto. Optava pelo que eu “sabia” que era certo e me garantia naquele porto seguro do meu “fantástico mundo de Bob”.

Mas por que não arriscar mais? Por que não se permitir errar e arrepender-se (se for o caso)? Foi preciso perder algumas coisas importantes na minha vida para que eu pudesse me achar melhor. Achar o risco necessário, sadio, importante que é viver a vida com o que ela traz. Filtrar menos, podar menos, tentar mais.

Por outro lado, esses dias eu li uma frase de um amigo surfista que era mais ou menos assim: “Não é toda onda que dá pra descer. É preciso esperar a onda certa”. Isso me fez refletir sobre o equilíbrio das situações. Não é pra ninguém ler esse texto e se empolgar comigo e sair arriscando tudo por aí. É preciso ter sabedoria e sensibilidade para entender os sinais da vida.

Todos os dias eu aprendo a ler melhor esses sinais. Às vezes interpreto corretamente, outras vezes entendo tudo errado. É que eu estou esperando a onda certa pra descer. E enquanto ela não chega, vou curtindo e levando a vida com as marolas, sem medo de ser feliz.

domingo, 7 de março de 2010

Aberta para a vida


De volta pra casa. Após sete dias em Noronha, de volta à realidade. A ilha foi, novamente, um renascimento pra mim. Foi tudo tão diferente da primeira vez, tão mais intenso, tão mais leve, tão melhor.

É interessante como eu consigo perceber as coisas de uma forma diferente em Noronha. É como se toda aquela natureza me lembrasse o quanto viver vale a pena, o quanto aproveitar cada momento é importante, o quanto Deus é incrível em sua criação.

Nessa segunda viagem eu tive mais tempo para admirar, curtir, refletir. Eu viajei de alta da terapia e dos medicamentos que me acompanhavam há meses, mas acima disso tudo viajei mais aberta para a vida.

E voltei com novas experiências bem vividas, com novos amigos, com novos sentimentos e com saudade. Saudade do que vivi, do que ficou e, principalmente, feliz pelo que passou. Noronha continua sendo meu paraíso, um lugar que me fortalece, engrandece e que soma na minha vida. Meu desejo – mais profundo - continua: ir à ilha pelo menos uma vez por ano. E se Deus permitir, assim sempre será!