terça-feira, 17 de agosto de 2010

Eu só queria votar

Desde os 16 anos, essa será a primeira vez em que eu não vou votar. Para mim o voto é um direito e não um dever cívico ou obrigação. Não vejo a política como um assunto chato ou maçante. Dependendo das pessoas, do local e do foco da conversa, ela pode ser um tema até um bocado interessante. Até porque, ou você entende e aprende a lidar com ela ou vira um analfabeto alfabetizado por ler, assistir e ouvir sobre política e não compreendê-la.

Em setembro eu viajo para Portugal e de lá seguirei para outros países numa viagem dos sonhos que termina dia 30 de outubro. Quando eu decidi a data para viajar, eu nem me lembrei das eleições. Eu só queria passar os 30 anos da minha irmã com ela. Claro que entre o voto e Soraya, eu ficaria com a segunda opção, mas talvez eu pensasse por alguns minutos a respeito se tivesse me atinado na época. É que eu sempre gostei de política, não da partidária, mas da social em si.

Eu dei uma lida rápida nos direitos e deveres do eleitor no Código Eleitoral, liguei para o Tribunal Regional Eleitoral de Pernambuco, falei com cinco setores até chegar ao gabinete do Presidente do TRE-PE e nada. O que eu queria? Votar. Ninguém entendia que eu não queria justificar, que eu queria votar. Foi aí que o gentil e atencioso assessor da Presidência me informou que quem cuida do voto dos eleitores residentes ou em trânsito no exterior é o TRE do Distrito Federal. Liguei para lá e não teve jeito, eu não tenho como votar.

Eu fiquei bem chateada e decepcionada na hora. Puxa vida, é um direito meu e não há nada que o assegure? Tanta tecnologia e não posso tê-la a meu favor para votar. Eu não queria justificar, EU QUERIA VOTAR. Minha candidata a Presidente precisa de mim, do meu voto, eu sei disso. E agora? Vou deixá-la na mão? Respeito, mas não concordo em justificar, anular ou votar em branco. Não vejo sentido nisso, salvo em situações específicas. Até porque acho que uma dose de interesse e boa vontade são suficientes para encontrar algumas (talvez poucas) opções para voto, mas que podem fazer a diferença.

Eu não vou colocar uma lente de aumento nessa situação e sofrer com isso, também não é para tanto. Mas sinto de verdade em não poder valer o meu direito e contribuir com quem eu acredito. Porém, espero que o povo brasileiro seja justo e coerente. Claro que não haverá unanimidade, ainda bem, até porque já dizia o Nelson Rodrigues, “toda unanimidade é burra”. E é mesmo. Eu só espero vontade, coragem e fé individual e coletiva. Eu só espero que o coração, especialmente na eleição presidencial, fale mais alto que a razão.

Nenhum comentário:

Postar um comentário