segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Um ano de coração aberto...

É muito complicado não escrever sobre o que se sente. Isso pra mim, claro, que não sou profissional. Separar a escrita  do sentimento não é das tarefas mais fáceis. Por mais que os dias possam ser repletos de bons acontecimentos e novidades (mas convenhamos, quem tem dias sempre desse jeito?), ainda assim é difícil escrever sem sentir. E por mais que eu tente não falar mais sobre a morte de Davi, ela ainda me pertuba, me atormenta e me machuca.

Eu já perdi amigos, parentes bem próximos, outros nem tanto, cachorros amados e hoje consigo perceber uma diferença enorme entre tais perdas. Sinto que quando você perde um pai, uma mãe, um filho, eles são insubstituíveis. Assim você pode sofrer tranquilamente que ninguém vai te dizer que isso terá que ter um fim porque sua vida tem que continuar e você logo encontrará outro pai, outra mãe ou outro filho. Quando você perde um namorado, um noivo, um marido (ou o feminino de cada um), especialmente quando se ainda é jovem, aí sim, você terá que continuar.

Não que eu queira sofrer, não que eu goste disso, mas eu simplesmente não consigo não pensar diariamente nele. Davi é sempre o meu primeiro e último pensamento do dia. E juro, pela minha mãe, não sei mais o que fazer. Eu converso comigo mesma, eu evito canções, eu não vejo fotos dele há meses, não leio mais suas cartas pelo mesmo período, mas o que eu faço com o que eu sinto? Com a tristeza maquiada que eu pinto.

Não sei se estou fechada para novos relacionamentos, não posso afirmar isso, seria muito cômodo, mas eu não consegui até agora me interessar de verdade por ninguém. Apareceram oportunidades, pessoas bacanas, mas eu simplesmente não consigo. Não consigo olhar pra frente e me imaginar com alguém. Quando eu vejo, eu estou planejando as coisas e me imaginando sozinha. O pior é que isso é algo muito involuntário, muito natural. Mas não é bacana, sei que não é.

Eu continuo segura a não desanimar nessa caminhada. A respeitar meus momentos e continuar. Mas desde sempre a escrita foi muito importante na minha recuperação e não merece uma camuflagem minha. É por isso que, mesmo agora, completando um ano da Próxima Esquina, eu tinha que ser verdadeira comigo, e com ela.

Mas não por acaso esse blog tem esse nome. E lá vou eu, com fé e esperança, com o coração sempre aberto e acreditando nas boas surpresas que hão de surgir nas próximas esquinas da vida.

Um comentário:

  1. Amiga, sumi, me deletei, kkkk, porque realmente tava precisando de mim um pouco, eu e eu mesmo, mas hoje me sinto melhor, queria que soubesse que há muitas "esquinas" ainda a serem descobertas, e que mesmo que seja tudo tão vivo e tão presente, você se renovou e se fortaleceu com a dor, por isso se respeite mesmo, nosso tempo só Deus sabe, então siga, colhendo desafios e acreditando nos sonhos, que Deus te abençoe sempre e apesar do sumiço e das bobagens que faço a amizade é grande e o ombro sempre amigo quando precisar!!!

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