sábado, 27 de novembro de 2010

(Des)estabelecendo prazos




Desde cedo eu aprendi a estabelecer, a planejar, a focar em metas, em objetivos de vida. Nada metódico ou sistemático, eu não funcionaria assim. Mas é que eu sempre soube aonde não queria chegar ou aonde não queria ficar. O caminho a percorrer seria conseqüência, inicialmente, dessas duas convicções e escolhas.

O tal do “deixa a vida me levar, vida leva eu” não se adequa a pessoas como eu. Acho que essa filosofia é para quem tem a vida ganha (ou garantida) e por isso aonde chegar será lucro. Essa não é, nem nunca foi, a minha realidade. A minha estória sempre esteve mais relacionada ao “levanta, sacode a poeira e dá a volta por cima”, mas acima de tudo ao “andar com fé eu vou que a fé não costuma falhar”.

Ao voltar da trip pela Europa, eu percebi que por mais que eu estabeleça prazos, alvos para alcançar, há situações que fogem totalmente do meu controle. Eu, ingenuamente, pensei que a minha mente e o meu coração não doeriam por estar em lugares que jamais me lembrariam o passado ou me remeteriam à saudade, mas foi uma ilusão boba minha.

É mentir pra mim mesma achar que estou pronta, achar que estou curada. E como diz o Carpinejar, não precisamos perfumar a mentira para acreditar nela porque a verdade não precisa de banho. Eu sempre prometi aos meus queridos jamais desistir ou me entregar, e assim será, mas às vezes tenho a sensação que nunca conseguirei me curar plenamente. Essa sim é a verdade sem perfume.

Isso se chama fraqueza de fé. E eu tenho tanto a aprender sobre fé. Sobre descansar, sobre se entregar sem querer expiar, a esperar sem ansiar. Hoje eu sei que nós levamos as dores para onde quer que vamos. Elas só não estarão mais conosco quando as deixarmos pelo meio do caminho. O difícil é o processo de desprendimento durante esse caminho, pois isso leva tempo e o tempo é algo muito particular. Não tem quem passe por ele por nós.

Por isso, preciso ter humildade para reconhecer as minhas limitações, paciência para esperar a cura do tempo e coragem para seguir com apenas uma meta, e de curto prazo : ser feliz só por hoje.

2 comentários:

  1. Olá Sandryne!!!

    Hoje é há 21 anos o dia mais difícil de se viver pra mim...
    Ele não passa, ele me atormenta, ele me faz ver o quão difícil ainda é...
    Também tento viver, também tento ter fé, também tento seguir mesmo assim, mas só hoje é mais difícil...
    E quando abro seu post, você traduz exatamente o que sinto...
    Aprender é o que faço todos esses anos querida!
    Ainda bem que a vida proporciona outros encontros e acontecimentos, para nos ajudar se não ai! seria impossível seguir...

    Obrigada por fazer hoje suas as minhas palavras...

    Beijão

    Simoninha.

    ResponderExcluir
  2. E eu vou me esquecer de tudo, das dores do mundo, não quero saber... O poeta sintetiza com poucas palavras o que um reles mortal falaria ou tentaria escrever em 20 páginas. Coragem galega! Bom ânimo e tocando em frente, sempre!
    Xêro!
    Te amo de montão!
    O paizão!!!

    ResponderExcluir