sábado, 18 de setembro de 2010

O que, de fato, é um problema pra você?


Eu não sou das pessoas mais pacientes da face da Terra. Minha fé e resignação diante dos problemas da vida vieram através da oportunidade de praticá-las e assim aprendê-las. E ninguém pratica fé e resignação em bons momentos. Eu já sofri muito por maximizar as coisas, por dar uma dimensão maior a tudo e olhar com lentes de aumento situações que não mereciam tanta atenção. Mas aprendi, ou melhor, tenho aprendido a reverter isso a cada manhã.

Quando Estevinho (meu primo-irmão) teve um câncer de pulmão em 2008, eu fiquei muito revoltada com a vida. E não fui legal com Deus. Estive fraca na fé não porque eu não entendia, mas porque eu não aceitava aquilo. Meu primo tinha 23 anos, nunca fumou nem bebeu, era todo “geração saúde”. Ele fez três cirurgias num intervalo de 34 dias, passou  meses com dois drenos entre as suas costelas, tomou morfina, emagreceu 12 kilos e passou bem perto da morte. Mas Deus é muito massa....Ele olha além!

Foi nessa época que aprendi, espero que definitivamente, a diferenciar o que é um problema do que não é um problema. Aprendi que aquilo que depende de nós para ser mudado não é um problema, é uma escolha, é uma opção que pode até gerar angústia e dor, é verdade, mas se depende de nós para ser resolvido, não denomino assim.

O que não depende de nós sim, pode ser um problema. Por isso a situação do meu primo era um problema pra mim. Estive no hospital quase que diariamente durante os seis meses de internação dele. Eu me disfarçava de aluna (já que ele estava num hospital universitário) e levava seu café da manhã escondido numa bolsa com fundo falso e entregava a minha tia pela janela. Eu saía do trabalho e ia pra lá só pra almoçar com ele e nos fins de semana lá estava eu de novo, mas nunca levava a cura. E isso me doía demais.

Quando descobrimos a malignidade do seu tumor estávamos só eu e ele. E a nossa reação foi sair um de perto do outro. Eu corri pra praia. Eu queria gritar, esmurrar algo, mas longe dele, e ele queria ficar sozinho. Hoje, dois anos depois, meu irmão está noivo, cursando educação física e coloca sua noiva e eu no chinelo quando vamos correr juntos, tamanha a sua resistência física.

Estevinho me ensinou, ele me preparou pra encarar outros problemas da vida. A luta dele pra sobreviver naquele hospital me fez entender de fato como reagir diante dos problemas. E hoje, tudo que acontece comigo, das menores às maiores situações, eu me pergunto: “Ei, Sandryne? Isso é mesmo um problema?”. Respondo-me de forma franca e reajo diferente a cada resposta. E normalmente a resposta é não. Não é um problema. É apenas uma situação chata, triste, estressante, mas que existe uma saída e sim, eu posso superar.

3 comentários:

  1. E quem diria que Deus nos reservaria a aprender tanto com aquele bebê fofo e loirinho do sorriso rasgado! Mas a vida e Deus nos ensina com a maturidade a entender os reais obstáculos da vida. Fico orgulhosa do seu crescimento!te amo e faltam 5 dias!

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  2. Aprendi por tabela. Aprendi sobre força, sobre amor e principalmente sobre fé.

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  3. Ajuda-te, e os céus te ajudarão! Estevam guerreiro da vida venceu uma importante batalha: è burrice morrer cedo! Vem muita coisa boa pela frente, há um tempo de chorar, há um tempo de sorrir. Trabalhar demais, estudar demais é correr atrás do vento. Tudo é vaidade!
    Xêros mil!

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