quarta-feira, 8 de junho de 2011

Nuda do nada


Hoje eu quebrei a minha rotina da maneira que eu mais gosto: com música. Meu professor de pilates e amigo, o “Serjão”, fez o convite, me deu o site da banda, eu ouvi, gostei e topei. Enfrentei a delícia do trânsito de Boa Viagem vindo de Joana Bezerra até Piedade, fui à terapia e de lá voltei até o Pina. Tudo isso só pra ver um show de uma banda que há 24 horas eu não sabia nem que existia.  E assim, sem nenhuma expectativa, me surpreendi.

O Nuda é uma banda boa, tem uma pegada bacana do rock, mas com uma mistura peculiar de arranjos bem elaborados, bem sonoros, limpos. Mas eu não tenho intenção, interesse ou capacidade de criticá-los seja da forma que for. O Nuda me cativou pela sensibilidade. Especialmente a do vocalista, especialmente quanto a se despir ao demonstrar insegurança, nervosismo e o medo em si. Eu já vi aquele filme antes.

Quando eu trabalhei com música, eu tive a oportunidade de participar de todo o processo que o Nuda viveu hoje. Quando o Cordel lançou o seu primeiro CD no Teatro do Parque, aquela sensibilidade também estava em Lirinha. De uma forma diferente, claro, são pessoas diferentes, mas lembro do jeito dele, de Emerson, de Nego, durante todo aquele dia que insistia em não anoitecer. Só quem ama a música e dela quer viver, sabe o que significa chegar até ali: a apresentação do “primeiro filho”. E não, eu não sei o que é isso, mas juro que consigo sentir.

Cada pessoa carrega um sonho dentro de si. E cada um sabe as dores que sente para chegar até ali. E pra mim, o músico é um profissional especialista nisso. Na descrença dos outros, até mesmo de quem se ama, no julgamento, nas omissões, na solidão. E não de repente tudo passa a ter sentido, o que era abstrato torna-se concreto, e o que antes precisava de resposta, de justificativa, passa a não precisar mais. A música por si só é a resposta para nenhuma das alternativas anteriores.

Isso tudo eu aprendi essa noite. Ou me lembrei, ou conclui, pouco importa. O Nuda despertou isso. Essa sensibilidade musical que tanto me cativa. Que só me faz ter a certeza que escolhi estar no lugar certo: na platéia. Apenas admirando e torcendo para que, seja como for, o amor à música seja sempre maior. Até porque, amar nunca é demais, amarénenhuma.

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